UM COMANDO QUE NEM FERJ NEM CHEIRA

Concluída a 20ª rodada do Campeonato Brasileiro de Futebol, os clubes cariocas ocupam a 7ª (Fluminense), 10ª (Flamengo) e a ultima (Vasco) colocação na Série A e apenas a 3ª (Botafogo) na Série B. Isto é, nenhum clube no G4, com direito a Libertadores, e um com a mão na lanterna. Não é difícil saber porque alcançamos tão baixo desempenho no brasileirão:  quem conhece a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) não precisa ir longe atrás de explicações. Nos últimos anos ela só fez crescer sua sede social, ampliada e luxuosamente reformada ao lado do Maracanã, e decrescer o prestígio do nosso futebol no país. Primeiro, promovendo estaduais de baixo nível, com equipes tecnicamente muito aquém da média nacional, como o Bonsucesso, o Boavista e o Barra Mansa que não servem absolutamente de sparring para os grandes clubes testarem seus elencos. Se pouco ajuda os grandes a entender o quanto são frágeis antes das grandes batalhas do segundo semestre, pior faz com os pequenos clubes do interior que são explorados na segunda divisão e sugados, até a extinção, quando ousam participar da terceira divisão.

Por aqui, em Três Rios, o presidente Rubens Lopes e diretoria só aparecem às vésperas de suas seguidas reeleições promovendo um lauto jantar para os presidentes das ligas e dos clubes locais. Mal viram as costas e se efetivam, começam a chegar boletos bancários com a conta da federação e da CBF. Que não são baratos. Para os que se atrevem a disputar um divisão de acesso, taxas abusivas de arbitragem para pagar uma Van com ar condicionado e 4 árbitros, 1 delegado e um motorista que, no tempo em que Didon jogava no Andarai , vinham em um taxi rachado entre eles. Ou em um carro em que dividiam a gasolina. Aí tinha futebol que a renda cobria, agora tem um luxo que nossos estádios mestiços, que não viraram arenas, não suportam.

Não há um aceno, um carinho com quem fez a história do futebol no estado, como América FC e Entrerriense FC, que sobrevivem com estádios vazios pela luta de seus eternos abnegados prestes a sucumbir ante a especulação imobiliária. A chegada do conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida. A atual colocação dos nossos times é puro reflexo de um futebol que virou as costas para o interior, ultimo reduto dos grandes craques como nosso Ferreira, que começou no América FC-TR, foi comprado pelo seu homônimo carioca e defendeu a seleção brasileira, além de jogar por muitos anos no Sevilha, da Espanha. Do meio campo Da Silva, revelado pelo Entrerriense, que defendeu Vasco e Flamengo antes de se mudar para a Coréia e Leonardo, campeão pelo Fluminense e Vinicius Righi, atacante do Flamengo. Além do Denilson e Herivelto que passaram pelo tricolor carioca, entre tantos.

A FERJ, não tem em seus quadros ex atletas para lhes mostrar a importância do interior como laboratório para os grandes clubes captarem novos talentos. Preferem assistir impassíveis a Chapecoense crescer, o Avaí se firmar, o Joinvile jogar de igual para igual com todos nossos grandes clubes porque seus estaduais, cada vez mais organizados, revelam nossos craques de outrora. Com nossas praças de esportes fechadas, gerações desperdiçadas, contas no lugar do incentivo batendo em nossas enferrujadas portas,  o que esperar de um futebol comandado por aqueles que nem nos  FERJ, nem nos cheiram?

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

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