A REDENÇÃO DE JULIO CESAR

O texto abaixo foi publicado aqui, depois que Felipão convocou os jogadores, trazendo Julio Cesar de volta ao grupo.  Para mim, um goleiro muito superior aos outros  convocados – Jefferson e Diego Cavalieri – embora passando um momento ruim na carreira, quando foi chamado. Trabalhei com o grupo do Flamengo, em 2004 e vi todos os jogos do time naquela temporada. O clube tinha um excelente treinador de goleiros, Marcos, que trabalhava com Julio, Diego, Getulio Vargas, Wilson e Marcelo Lomba, todos de alto nível, mas o atual goleiro da seleção se destacava. Felizmente minha previsão foi acertada e menos um problema para a copa do mundo, se houver.

“O técnico Luis Felipe Scolari convocou a seleção para o amistoso contra a Inglaterra e a novidade foi a chamada do goleiro Julio Cesar, ex-Flamengo, Inter de Milão, com passagem pelo Chievo,agora no Queens Park Rangers, da Inglaterra. Foi a maior surpresa da relação e o maior acerto do novo treinador que, ao que parece, não se deixou influenciar por cavadinhas de torcedores/jornalistas, o que normalmente acontece em convocações. Tampouco me pareceu pressionado por influentes empresários. Uma das listas mais justas das que tenho visto.

Felipão apostou na grande técnica de Julio Cesar, que atravessou uma fase ruim e acabou pagando a conta da desclassificação para a Holanda, na copa do mundo de 2010, na África do Sul. Na verdade, foi jogado aos leões, sozinho. Pagou por todos, pelos erros dos outros e não foi socorrido, pelo menos publicamente. O futebol tem disso. Julio Cesar é um grande goleiro, ainda o considero o melhor do Brasil, como Rogério Ceni, um dos mais injustiçados do futebol brasileiro. Não vejo nenhum outro goleiro acima do ex-rubro-negro. Diego Alves é excelente, faz, há muito tempo, sucesso na Espanha. Sofreu cinco gols do Real, domingo, mesmo assim foi o melhor do time”.

Importante a recuperação de Julio Cesar, que nós dá a certeza que o time estará bem servido de camisa 1. Tradicionalmente bem representada por goleiros, mesmo quando não foi campeã, a seleção teve Barbosa, em 1950, incrivelmente sacrificado pela imprensa como responsável pela derrota diante do Uruguai, uma tremenda injustiça com um magnífico goleiro.  Gylmar, talvez o melhor de todos, foi importantíssimo nos títulos de 1958 e 1962. Felix foi brilhante no tri, Tafarell  um gigante no tetra e Marcos fez a sua parte no penta conquistado no Japão e Coréia. Além deles, Leão foi tricampeão, em 1970, sem jogar, mas titular em 1974 e 1978. Na minha lista está entre os três maiores de todos tempos.

Julio Cesar mantém a tradição e chegará ao mundial mais experiente, após um título onde teve grande participação e tranquilidade para trabalhar e jogar.  Mais que tudo, mostrou ao torcedor que merece confiança. Por sinal, se as coisas acontecerem como imaginamos, a seleção brasileira poderá entrar em campo com Julio Cesar, Thiago Silva, David Luis e Marcelo, a melhor de todas as seleções. Não vejo, no momento, nenhum time com um grupo tão forte na defesa. Mesmo a Espanha, que virá como uma das favoritas, precisa melhorar muito seu setor defensivo. Importante o título, que premiou o trabalho de Felipão e sua equipe, melhor ainda o retorno de Julio Cesar menos um problema para o futebol brasileiro.

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