Preciso dizer que usei de metáforas para adiantar a queda de José Mourinho, apenas para dividir as etapas desse processo, por conhecer como as coisas são encaminhadas no Real Madrid e a forma elegante mas firme que caracteriza as decisões merengues do presindente Florentino Pérez. Primeiro e clube e seus sócios, segundo eles, terceiro, também eles. Assim, na primeira fase, apurei que o grande treinador começava a construir sua queda. Daí, com respeito, usei a historinha do gato. Mas, repito, apenas como metáfora, até porque sou grande admirador de Mourinho, a quem considero o melhor treinador de todos. Mas o desgaste foi muito grande, não dava para continuar. Acompanha todo o processo:
MOURINHO SUBIU NO TELHADO
O presidente Florentino Pérez anunciou oficialmente a saída do técnico José Mourinho, do Real Madrid, após reunião com os dirigentes do clube, diante de grande número de jornalistas e muita expectativa da torcida merengue, dividida com relação a permanência ou não do técnico português, mais para a saída.“Após entendimentos mantidos com José Mourinho estamos dando por encerrado o contrato após o fim desta temporada”. Quero dizer, em nome de toda a diretoria, que agradecemos o trabalho de José Mourinho. Com ele demos um importante salto desportivo e competitivo e lhe desejamos sorte em sua nova etapa”.
Sobre o principal motivo da saída do treinador, se a falta de resultados ou os problemas em torno de Mourinho, o presidente foi, mais uma vez, elegante: A pergunta feita não corresponde à realidade. Ninguém destituiu a ninguém, foi uma decisão de comum acordo. Sobre o perfil do novo treinador, Florentino pôs o trem nos trilhos, como é seu feitio: Esse fato está sendo concretizado agora. Quero deixar claro que não foi feito nenhum acordo nem nenhum contato com algum treinador. Esse trabalho será iniciado nos próximos dias, disse.
Perguntado sobre o balanço da passagem de Mourinho, o presidente merengue respondeu: em nosso modo de ver houve um salto qualitativo importante sob o aspecto desportivo e competitivo. O Real Madrid está no seu lugar devido. Ficamos muitos anos fora na oitavas (Liga dos Campeões), agora ficamos na semifinal e somos cabeça de chave. Para algumas pessoas parece normal ficar em segundo na Liga (Campeonato), na Copa do Rei e na semifinal da Champions. É suficiente para algumas pessoas, para nós não. Nossa cultura é ganhar e nada mais. O balanço, sob o ponto de vista esportivo é positivo”.
Sobre a pressão para saída do treinador, Florentino analisou assim: Gostaria que ele tivesse continuado. Creio na estabilidade que pode dar um treinador. Porém, o nível de pressão estava aumentando de tal maneira e as pessoas tem um limite e isso aconteceu agora. As decisões são tomadas juntando-se muitas coisas. Se tivéssemos vencido a Champions estaríamos agora falando de outra coisa. Ele entendeu que o nível de pressão estava difícil de suportar, no ponto em que chegou. É um treinador exigente consigo mesmo e com ou demais. Isso provoca um desgaste.
Forentino Pérez não perde a serenidade que deve ter o presidente de um gigante como o Real Madrid, quando perguntado sobre o relacionamento de Mourinho com os jogadores: Tenho que lhe dizer a verdade. Cada treinador tem a sua personalidade, porém seu nível de exigência e competitividade é máximo. Garanto que ele se equivocou alguma vez e se desculpou mas não é normal ser submetido a esse nível de pressão. Nos sentimos orgulhosos desse tipo de pressão, isso é o Real Madrid e aqui temos que ganhar. Porém passou dos limites da normalidade. Quanto às decisões técnicas de um treinador eu as respeito. Essas coisas passaram, passam e passarão no Real Madrid. Importante é que os sócios estejam unidos.
Carlo Ancelotti está sendo anunciado como substituto de José Mourinho, mas o presidente do Real Madrid não garante isso: Meu máximo respeito ao PSG e seu presidente, como a todos os clubes. Nosso diretor geral foi a Paris, na semana passada e perguntou se havia possibilidade de Ancelotti aceitar nosso convite porque pensávamos que seu contrato estaria por terminar. Nos disseram que não, perfeito. Como não é um tema para ser solucionado amanhã ficou assim. Até porque não há um, dois ou três candidatos, há muitos mais.
