Zico começou a comemorar 60 anos cinco dias antes da data oficial, na tradicional pelada das quartas-feiras, no CFZ. Com os irmãos Edu, Tunico e Zezé, os filhos Bruno e Junior, os amigos de algumas décadas e o inseparável compadre Fagner, o Galinho jogou, fez gols, venceu de virada e curtiu a noite como poucas vezes o vimos curtir. Fez discurso, cantou, se emocionou e falou da alegria de ser avô. Mais que isso, declarou que se sentia mais ídolo do que poderia imaginar. Para quem conhece Zico há mais de 35 anos, uma surpreendente e agradável surpresa.
Cheguei ao CFZ, lotado de carros e amigos, enquanto uma pelada rolava num dos campos soçaites daquele espaço. Encontro Edu, Zezé, Cruz, Joel Santana, Fred e Paulo Cezar Lima, professor Jorge Portilho, da Castelo Branco, muita gente girando em torno de um só objetivo, homenagear Zico, que vai chegar aos sessenta anos dia 3 de março. Deu tempo de ver um gol do galinho, de milhares que já assisti, virando o jogo e gozando os perdedores, como sempre faz. Um gol a mais, nada além disso. Não. Um gol de Zico. Tem uma marca incomum, uma arte, um sabor. É um momento especial. Não foi mais um gol de Zico, foi a sublimação de um raro artista. Do maior jogador que vi, depois de Pelé.
COMO SE DEU ESSA CONSTATAÇÃO ?
– Pelo carinho que tenho recebido nas ruas, dos torcedores. Não só flamenguistas, mas de todas as torcidas. Mais que isso, em todos os lugares, fora do Rio de Janeiro, onde joguei toda a minha vida, mas em São Paulo onde, você sabe, algumas vezes fui até vaiado, havia uma certa animosidade, hoje não acontece mais isso. Em todo lugar tenho sido recebido com muito carinho e respeito, a gente sente isso mais profundamente. Tem sido assim em todas as cidades, com pessoas que torcem para o São Paulo, Corinthians, Grêmio, Cruzeiro e outros grandes clubes.
VOCÊ É MAIS REVERENCIADO HOJE QUE QUANDO JOGAVA ?
– Tenho essa sensação toda vez que sou procurado para fotos, autógrafos, um papo rápido, tenho sentido uma dimensão que não havia experimentado ainda. É uma coisa boa, gostosa, um momento único, que tenho curtido muito. Talvez por estar jogando, no auge, fazendo gols ganhando títulos, principalmente no Flamengo, eu não tivesse tempo para curtir tudo isso. Sabia que era um ídolo do Flamengo, alguns amigos de outros times, mas não nessa dimensão que tenho vivido hoje.
MAS VOCÊ É O MAIOR ÍDOLO DA HISTÓRIA DO FLAMENGO !
– Sim, isso eu sabia, curtia muito, gostava daquela situação, tinha noção do estava se passando, mas nunca na proporção exata, as coisas são muito rápidas, acontecem numa velocidade incrível. Agora que tenho mais tempo para pensar, pesar as coisas, curtir as manifestações de carinho por onde passo, vi que é uma coisa muito grande, gigantesca. Ainda bem. Eu sabia que era querido pela torcida do Flamengo, respeitado por outras torcidas mas hoje sinto que a coisa é maior do que eu imaginava.
O EPÍSÓDIO NO FLAMENGO TE FORTALECEU ?
– Com certeza. A torcida do Flamengo reconheceu isso, sabe que as coisas não aconteceram como quiseram passar ao público. E ficou ao meu lado por conhecer meu trabalho no clube, a dedicação de muitos anos, as conquistas que tivemos, com os companheiros, claro. Tudo isso pesou e o torcedor não é burro, conhece as coisas, embora numa proporção muito pequena, mas sabe, sabe quem é quem.
VOCÊ CURTIU MUITO ESSA NOITE !
– É um momento especial estar reunido com os amigos de tanto tempo. São pessoas com quem convivo a mais de 30 anos – tempo que essa pelada existe – e que estão sempre ao nosso lado, em todos os momentos. São pessoas especiais, amigos de sempre, de todas as horas, boas e más. Curto esses momentos sempre, mas hoje é uma data especial, por isso estou muito feliz em reencontrar a turma, rever amigos, curtir cada segundo.
HORA DE DESCONTRAÇÃO
São quase quarenta anos de amizade, desde que conheci Edu, no campo do Andaraí, em minhas primeiras matérias cobrindo o America de tantos craques. Foi meu primeiro amigo no futebol, ao lado do médico José Fernandes. Na sequencia fui apresentado a Antunes, o mestre da família de craques. Nando veio depois, quando já brilhava no Madureira, Portugal, Ceará e outros gramados mundo afora. Nesse tempo Zico estava buscando seu espaço nas escolinhas do Flamengo, numa subida meteórica, levado por Celso Garcia, seu “descobridor” e meu padrinho profissional na rádio Globo, onde eu também buscava uma brechinha. A estréia da Zico, no juvenil do Flamengo, contra o Madureira, estávamos lá ao lado de D. Matilde e família. O resto vocês conhecem.
O papo de despedida foi rápido, marcado por uma constatação e descontração, acompanhados, claro, da risada inconfundível do amigo.
– Galo, chegou aos sessenta, que é isso ?
– É, mas pra você é pior porque está na minha frente, faz mais que eu, tem que torcer, ahahahhahhahahahah.
Iata, você é um privilegiado. Viu e conheceu jogadores como Zico e Pelé, fora outros. Que sortudo! Ainda tenho esperança que a grandiosidade do Zico possa unir aquelas pessoas que mandam na Gávea, porque, infelizmente, esta nova diretoria só está tranquila porque as coisas estão indo bem no futebol. Como o Zico é uma espécie de “padrinho” desta nova Diretoria, espero que aqueles que são as “raposas” vaidosas da Gávea, fonte de poder e mobilização política, tenham aprendido como o Flamengo pode descer tão baixo como aconteceu na administração da nadadora. Será que podemos ter esperança de um Flamengo novamente grande e, quem sabe, Tri Campeão do Mundo? Hoje issso não é tão absurdo, basta ver o caso do São Paulo. Torço muito pela nova Diretoria e tenho muita esperança nas coisas positivas que o nosso grande herói possa render ao Mengão, pois o Zico é como aquele líder carismático capaz de unir pessoas diferentes de interesses diversos num só objetivo: tornar o Flamengo vencedor. Gostei muito da matéria e parabéns pelo Blog.
Caro data Vc cada vez se superando,ótima materia sobre o nosso eterno ídolo.parabens
eu gostaria que mi mandaci essa image do cantor fagner pra mimi