As declarações de Vinicius Junior, embora não acredite até verificar sua autenticidade, deixaram-me perplexo diante de tanta ingenuidade e desinformação. A primeira, comum num adolescente, reflete seu estado de espírito nesse momento de transição em sua vida, pouco comum – raríssima, mesmo – aos mortais. A segunda, pela total ausência de profissionalismo e zelo de quem cuida de sua carreira. Não acredito no sucesso de Vinicius Junior com a camisa do Real Madrid, tenho dito e repito. Não vejo nele, ainda, potencial para ser titular no maior clube do mundo, que mandou para a copa da Rússia 15 jogadores do seu elenco de 23 craques, seis deles na seleção espanhola outros na Alemanha, Portugal, Croácia, França, Brasil, Marrocos e Costa Rica. Um estágio no time Castilla (o nome é para não chamar de equipe B) ou empréstimo a um time menor poderá ser a solução para não passar recibo de uma contratação mal feita, precipitada, que tinha como objetivo evitar sua ida para a Catalunha, sede do arquirrival. Só assim se pode justificar a milionária quantia investida na joia formada pelo Flamengo, ainda uma promessa, nada mais que isso. Esse menino deveria ter passado por uma reformulação total em sua formação para evitar o choque na mudança que irá sofrer nos dias que estão por vir e deixa-lo preparado que essas transformações que passam, basicamente, pela diferença de comportamento entre um carioca e um madrilenho. Não deixando de lembrar a mudança de fuso horário, frio, alimentação, costumes, idioma, novo ritmo de vida, que costumam interferir no rendimento até de gente mais experiente. Por fim, lamentável – se é verdade – as declarações do menino, totalmente despreparado para a tal entrevista, onde cita – mesmo que verdadeiras, porem absurdamente ingênuas – Messi como ídolo, superior a Cristiano Ronaldo, grande ídolo merengue, e o Barcelona como seu time nos jogos virtuais. Uma punhalada no coração do madridismo, uma situação superior a jogadores, torcedores, até o presidente Florentino Perez, que não deve ter ficado nem um pouco feliz e ele não costuma perdoar quem comete tal sacrilégio. Torço, como torceria para qualquer outro jovem que se meta numa aventura desse porte, pelo sucesso de Vinicius, mas acho muito difícil que possa brilhar como Evaristo, Ronaldo Fenômeno, Roberto Carlos, Casemiro ou Marcelo, todos na galeria do maior clube do mundo.
