VENTINHO PODE VIRAR FURACÃO

O Botafogo lidera o campeonato brasileiro porque pratica o melhor futebol por essas bandas. Está sobrando e se mantiver a pegada, não vender, machucar ou perder qualquer dos titulares – o que é muito difícil acontecer – vai sobrar na turma, como Aerosol no Grande Prêmio do Brasil, dirigido pelo argentino Altair Domingos, que sagrou-se bicampeão.

Osvaldo Oliveira, técnico estudioso, competente e moderno, montou um time formado por jogadores de qualidade média, alguns, um craque e líder, Seedorf – e uma das maiores revelações do Brasil em muitos anos, o menino Vitinho, que tem deixado os torcedores e admiradores do bom futebol – meu caso – surpreso com tanta qualidade física e técnica.

Tenho dito, em meus comentários na RADIO FAMÍLIA 104,5 FM que esse menino me faz lembrar, fisicamente, Jairzinho, quando jogava no juvenil do Botafogo. Não estou comparando ao Furacão consagrado, mas ao Jair de 1963, com 18 anos. Fico encantado com a movimentação do time, a partir de Gabriel, outra grande revelação, até o “quarteto” Vitinho, Lodeiro, Seedorf e Rafael Marques.

Quando o time tem a posse de bola chega com esses quatro mais Gabriel, na sobre e a aproximação de Gilberto, mais que Julio Cesar, que tem ido pouco, só na boa. Depois vira “trio”, com Vitinho recuando, até uma “dupla”, Rafael ou Lodeiro, ou Seedorf e Vitinho, dependendo do lado em que o time é atacado. Uma movimentação moderna, bem ao jeito do treinador. Belíssima recomposição.

Vi, em alguns momentos um “tic-taca” à Espanha, guardadas as proporções devidas: jogadores e tempo de trabalho de cada um. Resumindo, um timaço, taticamente. Não tenho a menor cerimônia em dizer que, hoje, o melhor time do Brasil é o Botafogo. Por alguns destaques individuais, como Seedorf, hoje seria eleito o craque do campeonato com facilidade, o goleiro Jefferson, o zagueiro Bolivar, surpreendentemente equilibrado e Vitinho.

Vitinho merece uma observação mais detalhada. Vou chamá-lo de “Ventinho”, em função das lembranças que me leva ao início da década de 1960, quando conheci Jair Ventura Filho, soldado 655 do 8º GaCosM, no Leblon, servindo da BCS, do comandante Guaracyaba. Despontava como esse menino e se tornou um dos maiores atacantes do futebol mundial, maior jogador da copa de 1970.

Não sou afeito a comparações que envolvem épocas diferentes, por suas implicações. Nem os computadores conseguem estabelecer qualquer diferença entre talentos distintos. Aspectos físicos, condições de material, gramados, clima e outras complicações. Então, Vitinho é Vitinho. Parece, lembra e muito, Jairzinho quando começou a carreira, nos juvenis do Botafogo. E só.

Jair, menino pobre, morando com a mãe numa casa modesta na Rua General Severiano, atrás do campo, teve acompanhamento, pessoas que o orientavam e sabia exatamente o que queria. Sempre foi assim. Conquistou seu espaço com muito vigor físico, força, velocidade e talento. Escreveu sua história com vitórias, gols e profissionalismo.

É o que Vitinho vai precisar para chegar ao estrelato. Tem talento, força, velocidade e gosta de jogar, outra característica de Jairzinho. Cada jogo é um desafio que precisa ser vencido para a consagração. Hoje as dificuldades fora de campo são maiores, as tentações aumentaram. Um jogador de futebol precisa livrar-se dos adversários, das noites e, o maior perigo, as Marias chuteiras, um gravíssimo problema.

One thought on “VENTINHO PODE VIRAR FURACÃO

  1. Caro Iata, parabéns pelo blog. Sou botafoguense e sei que torce para o Fla, mas sabe muito bem descrever os assuntos, sua visão sobre o Vitinho me parece verdadeira pelo que vejo fazer; Realmente lembra o furacão. Abraço.

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