VEM AÍ MUITO CHORORÔ

É muita ingenuidade achar que não pode haver entrega de jogo por causa da nova tabela estabelecendo para a última rodada jogos clássicos locais. Penso que fica até mais fácil. Podem inventar qualquer fórmula que não vai resolver o problema. É preciso haver uma mudança de “cultura” que, numa tradução fiel significa educação. Vivemos num país onde a impunidade arrasta todos os valores morais como um tsunami. E o maior exemplo está na CBF, onde o presidente se mantém firme, arrogante e prepotente, assumindo uma postura que não exerceria em nenhuma país sério do mundo.

Num campeonato tremendamente emocionante, mesmo de baixa qualidade técnica, mas inegavelmente de raras emoções, basta ver o sobe e desce de posições entre os candidatos ao título ou uma vaga para a Libertadores da próxima temporada. Um time de boa qualidade técnica – e há vários pela Europa, por exemplo – estaria com a mão na taça a essa altura da competição. O nível técnico é fraco, repito, para as condições do país que ganhou cinco vezes a copa do mundo. A seleção é uma prova disso.

Outro aspecto relevante é a postura da imprensa – agora assumindo sem pudores – sua condição de torcedores pagos e privilegiados. É no mínimo ridículo querer atribuir ao Corinthians, um candidato ao título tanto quanto Vasco, Fluminense e até bem pouco tempo, Flamengo, Botafogo e São Paulo, ajuda da arbitragem para dar o título ao time paulista. Esquecem esses “torcedores” , que os dois últimos campeões brasileiros são do Rio, sem nenhuma insinuação da imprensa de outros estados que, como as daqui, também está cheia de torcedores. Parte dessa mídia não pode mais chamar torcidas organizadas de “profissionais”.

Vi jogos em que o time dirigido por Tite foi tremendamente prejudicado. Contra o Avaí, Pedro Vuaden, que considero o melhor árbitro brasileiro, expulsou um jogador corintiano no inicio do segundo tempo numa falta quase no meio campo, o que descaracteriza e condição iminente de marcar o gol. Foi vermelho direto, injustamente. Contra o América Mineiro uma falta próximo à grande área foi marcada e da batida o gol da vitória dos mineiros. Em ambos os lances, seria fácil deixar o lance seguir, em caso de “armação”. Ora, isso beira o ridículo.

Esse poderia, sem nenhum favor, ser considerado o mais emocionante de todos, desde 1971, quando foi criado o verdadeiro Campeonato Brasileiro de Futebol. Mas não acredito que isso venha a ocorrer. Haverá muito chororô nas próximas rodadas e até o encerramento da competição. A lisura da competição está sendo posta em dúvida a cada jogo, a cada erro de arbitragem, como se isso fosse uma novidade. Aqui e em qualquer lugar do planeta onde rolar uma bola. Nossos técnicos estão se especializando, principalmente os mais conceituados, em dar desculpas a cada tropeço de seu time. Com a passividade que a conveniência permite aos “órgãos de imprensa”, antes tão úteis.