Faltando
Claro que o técnico Abel, jogadores e comissão técnica não vão dizer isso, não podem, nem devem, por razões óbvias. A primeira delas é o respeito que deve haver com os adversários e não é bom brincar com o imponderável. Basta lembrar a história do Titanic. Vai rolar aquela frase feita, das mais ridículas entre muitas que se propaga por aí, de que “não ganhamos nada”, como se fosse verdade. Ganhou sim, 65 pontos, tem apenas duas derrotas e uma baita sorte.
Sorte que acompanha os competentes, a chamada “sorte de campeão”, que existe, sim. Poucos jogadores machucados, repetição do time, muita gente em boa fase, começando pelo goleiro, hoje, possivelmente o melhor do Brasil. É um time bastante competitivo, unido, que tem um treinador cada vez melhor. Abel Braga caminha a passos convincentes para postular o cargo de técnico da seleção brasileira. Vai chegar esse dia, com certeza.
Esse Fluminense lembra aquele dirigido por Zezé Moreira, que ganhava apertado, às vezes até jogando feio, o que não tem acontecido, mas ganhava. Othelo Caçador, um gênio do cartunismo, costuma dizer em sua coluna “penalty”, que o tricolor havia “goleado”, quando o time ganhava de 1×0. Tem sido assim com esse time que tem o maestro Deco como principal articular do meio de campo.
Para os saudosistas tricolores, hoje na “melhor idade”, o sofrimento é menor, a angustia demora apenas alguns minutos. Mais importante nisso tudo é que os adversários são mais fracos, bem mais fracos. Quarta-feira, 10-10, o Atlético Mineiro perdeu para o Internacional e deu adeus ao título, nove pontos atrás do Fluminense. O Grêmio, que parecia forte candidato ao título está a 12 pontos, nem pensar em título, esquece.
Devo lembrar aos bairristas e ufanistas que o campeonato brasileiro não foi e não é o mais difícil do planeta. Essa gente costuma minimizar – sem nenhuma tese que se sustente – que o campeonato espanhol tem apenas dois clubes disputando. É “meio verdade”, eu diria. Só que eles estão falando dos gigantes Real Madrid e Barcelona que, se disputassem qualquer campeonato sobraria apenas o terceiro lugar. No brasileiro talvez nem isso.
Sem querer tirar o mérito do Fluminense, ao contrário disso, o título virá com todo o merecimento, por sua competência, pelo resultado de um trabalho bem feito, dentro e fora de campo. Flamengo, Vasco e Botafogo, principalmente esse, fizeram o esforço que lhes cabia, cada um dentro do orçamento minguado comum a todos os clubes brasileiros, bastante endividados, sem nenhum horizonte. E não vejo como isso vai mudar.
Resta saber que tipo de argumento será usado daqui pra frente. Os que falavam em dois times disputando a Liga das Estrelas, na Espanha, com média de 70 mil pagantes por jogo no Santiago Bernabéu e no Camp Nou, que dirão ? Bastava isso para calar essa gente. Com 23 jogadores de seleções da França, Alemanha, Brasil, Argentina, além da base do time campeão da Europa e do mundo, é pouco ? Vale lembrar que o território brasileiro tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados, enquanto os espanhóis ocupam apenas 504 mil quilômetros quadrados.
Faltando oito jogos eu afirmo que o título é do Fluminense. Mais que isso. Pergunto que campeonato é esse que dizem ter 15 times disputando, será que vão insistir nisso ? Atlético Mineiro, Grêmio, Vasco, Corinthians – com atenuante de ter dado preferência a disputar o título mundial – São Paulo, Inter, tem que disputar vaga para a libertadores ou sul-americana.
Qual é mesmo o campeonato que tem dois times disputando o título ?