Gosto da frase “futebol é uma caixinha de surpresas”, mas não foi o que aconteceu na decisão da Libertadores, quando o Flamengo venceu fora de campo, onde sua torcida é imbatível, e perdeu dentro. Mais uma vez, como no Mundial, em 2019, o adversário chegou mais inteiro, mais bem preparado física, técnica e psicologicamente para a decisão. Não basta trocar o treinador, precisam olhar com cuidado para o planejamento anual, que tem falhado quando o time se mete em mais de três competições. Esse foi o erro – repetido – do Flamengo. Não é hora de procurar culpados, pela menos na minha visão, as cartas estavam em cima da mesa, ganhou quem melhor soube usá-las. Acabou a época de caça às bruxas, vivemos uma nova era, onde a organização e inteligência são fundamentais para levar ao sucesso. Há medíocres vencedores, são as exceções, mas o talento jamais será batido ou Pelé não seria o Rei, quarenta anos depois de deixar o futebol. Que a segunda lição seja aprendida ou a Nação terá que conviver com vice-campeonatos. Não vou falar de erros e acertos, há pessoas que deveriam saber disso, ganham muito bem, prefiro não ser injusto, mas arrisco dizer que David Luiz vai ser ídolo do Flamengo, voltar à seleção e se consagrar melhor zagueiro do Brasil. Que postura. Monstro. Em contrapartida, há jogadores ultrapassados que, há muito tempo, não jogam nada, não suportam a carga física que a maratona de jogos exige, alguns vivendo de nome, os “craques de grife”, sobre os quais já falei algumas vezes e os que se destacam somente nas vitórias, deles nada pode se esperar com o placar adverso. Vejam as estatísticas. Recuso dizer nomes, não é minha prática. Renato pagou a conta, preço altíssimo, mas é assim que a banda toca, basta ver a posição da seleção pentacampeã do mundo no ranking mundial. Uma mesmice absurda dentro e fora de campo, não evolui em nada. É comum haver cobrança, as derrotas servem para isso, sem necessariamente escolher um vilão como único responsável. A falha de Andreas, foi individual mas fruto de um padrão usado por todos os times brasileiros, ganhando ou perdendo. O que chamo de “Tic-Tac sem talento”, irresponsável, mentiroso, fez a primeira grande vítima e fará muitas mais, se continuar sendo praticada. Puniu o volante como poderia ter sido outro. É preciso repensar essa prática ou veremos outras decisões premiando quem não foi o melhor. Hoje, a melhor defesa é a defesa, é o que se vê. Não é o caso do Palmeiras, evidentemente, time muito competente. Há muita coisa a ser revista, reformulada, como o VAR, que de um instrumento renovador, para fazer justiça, se transformou em protagonista, o “craque do ano”, bola de ouro. Absurdo o pênalti marcado contra o Fluminense, quando seu jogador subiu para cabecear, usando os braços, evidentemente, para melhor impulsionar o corpo, bola no antebraço, ele de costas, telinha do VAR e marca da cal, hoje tinta. Vitória do Atlético, que não tem nada com isso, está sobrando na turma, mas não dá para continuar assim. Hoje a FIFA escolhe os melhores da temporada, jabazinho que rende muitos milhões de euros, favoritíssimo o polonês Lewandowiski, em grande forma, marcando muitos gols que acabam rendendo o troféu. A turma vota sempre em goleadores. Vinicius Junior marcou o gol da remontada do Real Madrid sobre o Sevilha, faltando três minutos para terminar o jogo. Valeu a liderança e a festa no Bernabéu com quase 50 mil torcedores, TODOS usando máscara. Não jogou bem, como na Champions contra o Sheriff, mesmo em fase estupenda, precisa dar uma descansada, como Casemiro, muito abaixo do nível que o consagrou. Show de Toni Kroos, um monstro, melhor em campo, jogando muito o alemão. Marcelo segue no banco para Mendy, só acredito por que vejo. Escolhi um jogador para a minha seleção anual do campeonato brasileiro, o atacante Artur, do Bragantino. Veloz, bom preparo, driblador, excelente futebol. Além de goleador, decisivo, pedindo passagem. A lamentar a gritaria durante a transmissão, com microfones ao lado dos treinadores – não sei para que – e ninguém toma providencias, comum nos jogos do Première. Está na hora de aparecer um concorrente. Quem viu o encerramento da Olimpíada de Los Angeles, 1984, com Lionel Richie (“One Night Long”) chorou comigo – de vergonha – com o que a Comenbol aprontou na final da Libertadores.