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Seedorf jogou muito. Fez de tudo um pouco, com eficiência, mas sua principal participação foi orientar os companheiros na forma de jogar do Botafogo. O Vasco, que tinha a seu favor o empate e a vitória, por qualquer placar, optou por fazer o tempo passar como prioridade e deixou de atacar como deveria. Esqueceu que um gol, em qualquer momento do jogo, lhe garantiria, praticamente, o título, mudaria todo o panorama do jogo. Preferiu deixar o tempo passar.
Seedorf é craque todo mundo sabe. É vencedor, não precisa listar seus títulos. Todavia, sua maior qualidade é a visão periférica, percepção do que está acontecendo ao seu redor, em campo, o que poucos têm. Citei Gerson e Carlos Alberto Torres porque foram excepcionais dentro de campo. Únicos com essa qualidade. Mudavam a forma de jogar do time, mexendo algumas peças e posicionamentos. Na copa de 1970 foi assim, quando Gerson mudou de posição com Clodoaldo, que marcou o gol de empate contra o Uruguai.
Gerson não conseguia jogar, com um marcador ao seu lado, impedindo o “canhotinha” de fazer lançamentos, ele que era o maestro do time. O Brasil perdia por 1×0 quando ele e o capitão Carlos Alberto resolveram mudar as posições, com a bola rolando. Gerson ficou mais atrás e liberou Clodoaldo pela ponta, abrindo o sistema uruguaio de marcação. Numa tabela, pela lateral, o volante do Santos empatou o jogo e o time foi para o intervalo aliviado. No segundo tempo veio a virada, e o caminho estava livre para o tricampeonato.
São os chamados lideres técnicos, uma raridade. A seleção de 70 tinha dois. O futebol brasileiro, depois deles, não teve mais nenhum. Com certeza contribuindo para a queda livre da seleção cinco vezes campeã do mundo e dos grandes times. Seedorf quebrou um tabu, já que há uma barreira impedindo esse tipo de ação. Nem todo treinador tem a visão de Osvaldo Oliveira, que sabe a importância desse jogador no seu time. Uns por medo, outros por incompetência, não permitem esse tipo de participação.
Seedorf derrubou uma barreira, mudou um comportamento. Com certeza vai passar batido por grande parte de imprensa, mas o menino Vitinho jamais esquecerá as orientações do veterano jogador surinamês, consagrado no planeta bola. Foi uma aula completa na decisão da Taça Guanabara. Seedorf deixou um grande legado, mudou conceitos. A longevidade de um atleta depende dele e o craque pode mexer no time, sim, desde que tenha talento para tanto.
FFFFOOOGGGOOO! Amigo do Rei, brilhante comentário. Independente de tudo, considero o time atual do Vasco fraco, concorda? Forte Abraço