Presidenta Dilma evitou um vexame histórico chamando Pelé
O futebol brasileiro está perdendo a credibilidade, dentro e fora de campo. É preciso rever o conceito de “melhor futebol do mundo”, insistentemente repetido na grande mídia, por absoluta falta de independência – quase sempre não pode dizer a verdade para não desvalorizar o produto – e a pequena, que se agarra nas tábuas de salvação que são os parcos anúncios que aparecem vez por outra. E assim, vamos descendo ladeira abaixo. Hoje, a ex-seleção brasileira ocupa a sexta colocação no ranking da Fifa, a mais baixa posição de todos os tempos. A imprensa tem grande responsabilidade nesse processo.
Pelos menos está nascendo entre os torcedores o sentimento de revolta contra os absurdos que se praticam com o seu esporte favorito. Quando pedem a saída de Ricardo Teixeira, querem o seu time de volta. A seleção do povo, não da CBF ou da televisão, como vem acontecendo. O torcedor não suporta mais essa intromissão no que é dele. Vale lembrar que quando a seleção brasileira – a verdadeira, que o jogador chorava quando era convocado – detém o recorde de público de todos os tempos e em todo o mundo, desde que uma bola começou a rolar nos gramados britânicos. É esse time que o torcedor quer ver em campo, gritar e chorar por ele, usar a camisa. Não essas que são distribuidas para fingir que o torcedor está ali. Isso é mentirinha.
Hoje o que se sabe é que a CBF é um ninho de corrupção. Quase tudo que envolve a copa do mundo programada para ser disputada pela segunda vez em nosso País, está sob suspeita. As denúncias se avolumam, as CPI’s são tentadas mas não deslancham e o torcedor fica sem saber o que de fato aconteceu com os US$ 9 milhões que Ricardo Teixeira não explica, em processo que rola na Suíça, fartamente denunciado pela BBC de Londres – jornalista Andrew Jannings – os R$ 6 milhões do jogo da seleção da CBF em Brasília, que foram parar nos cofres da Sindafebol, dinheiro liberado sem licitação, e tantos outros que você, caro leitor, está cansado de saber.
O que não pode acontecer é o governo federal cruzar os braços. A presidenta Dilma Roussef, em hora oportuna, deu um chega prá lá em Ricardo Teixeira, sentando-se ao lado de Pelé, com quem manteve sempre o diálogo. O mesmo Pelé que estava fora dos planos da CBF para a copa do mundo de 2014, ele que, com seus companheiros, ganhou três mundiais, apenas isso.
Estava fora por arrogância, prepotência e vingança – um dos piores defeitos de um ser humano – contra o Rei do Futebol, aclamado em todo mundo, menos por essa gente que comanda o futebol brasileiro. Não há hipótese de um dirigente, em qualquer país do mundo, onde Pelé tivesse nascido, promover um evento como esse sem ele como embaixador. A tempo, nossa presidenta corrigiu isso a tempo. Seria mais uma vergonha que teríamos que assumir.
As denúncias vão continuar, com certeza. Enquanto isso, os torcedores continuam dando vazão aos seus sentimentos, “enchendo” os estádios, com vinte, trinta mil pagantes, isso em grandes clássicos, quando os gigantes Vasco, Flamengo, Corinthians, Botafogo, Inter, Grêmio, Bahia e outros estão em campo com seus “craques” repatriados, quase todos em fim de carreira ou praticando futebol de segunda categoria, com raríssimas exceções. Foi assim que se formou a “seleção B”, com jogadores que atuam por aqui.
Um jogo que deveria ter sido desmarcado, se não houvesse interesses pessoais ou exigência da televisão, como tudo deixa crer. E o que se viu foi a formação da “Seleção do Crioulo Doido”. Uma coisa absolutamente desnecessária, em termos de trabalho. Se a saída de Dunga foi para substituí-lo por um treinador com idéias de renovação, como se explica a convocação de Renato, aos 33 anos, jogando rigorosamente nada, só porque é do Flamengo ? Nunca discuti convocação. Penso que é um direito do treinador, desde que não chegue a esse ponto. Outras chamadas foram risíveis, puramente política, ou quem sabe, para agradar aos empresários, já que a seleção é o paraíso deles. Não que Mano Manezes tenha algum envolvimento em transações, tão comuns por essas bandas, segundo dizem. Não acredito nisso.