Jorge
Quem garante é Jorge Rabello, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, que está pronto para começar a temporada de 2013. Aponta a falta de humildade para aprender e enfatiza que quase todos são assim. Que são “infalíveis” e não precisam trocar ideias, trabalhar em parceria, ter humildade para errar e acertar. A arbitragem européia está muitos anos à frente da nossa, mas não querem enxergar isso. Vamos continuar achando que somos e seremos sempre os melhores. E não é esse o caminho. Jorge Rabello tem mostrado que com outra filosofia a produção e o rendimento melhoram. E faz a sua parte. Não há dúvida que é uma entrevista com um inovador e vencedor.
MESMO EM CRISE A ARBITRAGEM NA EUROPA É MELHOR ?
– Em primeiro lugar não observo crise na arbitragem européia, que alias, está 10 anos à frente da arbitragem brasileiro a nível de formação e preparação dos seus árbitros. Sobre a arbitragem nacional não faço mais nenhum comentário, até porque, quando faço, eles entendem que eu estou sempre querendo o lugar de alguém, infelizmente falta a alguns humildade e censo crítico, portanto a comissão nacional de arbitragem tem um presidente e compete a ele encontrar os caminhos. Vivemos em sociedade de soluções fáceis e pensamos em termos de eventos e soluções imediatas mas a preparação não funciona assim, por que? qualquer coisa que tenha a ver com pessoas deve ser focada em processos.
A REPROVAÇÃO DE ÁRBITROS BRASILEIROS TE DÁ ESSE RESPALDO ?
– Não, ambos (Leandro Pedro Vuaden e Wilson Seneme) possuem histórico de reprovações em testes físicos. Alias, o Brasil já ostenta essa marca na FIFA, nos últimos anos a quantidade de reprovações de árbitros e árbitras nos testes físicos em competições da FIFA é uma vergonha. não se faz política na arbitragem impunemente.
A POLÍTICA CONTINUA FORTE NA ARBITRAGEM NACIONAL ?
– Infelizmente um dos árbitros mais regulares do quadro da FIFA nos últimos anos, que nunca foi reprovado em teste físico e foi disparado o melhor árbitro do último campeonato brasileiro que é o Marcelo Henrique esta fora do processo por problemas políticos. Em assim sendo, eu apostaria no Sandro Ricci (carreira meteórica) e no Vuaden, pois acho que ele terá uma nova oportunidade e irá passar.
OS ÁRBITROS DO RIO ESTÃO ACIMA DOS DEMAIS ?
– Em primeiro lugar nunca é demais deixar registrado que foi aqui no Carioca 2008 no mês de abril, que foram colocados pela primeira vez na história da arbitragem os Árbitros Adicionais atrás dos gols. Agora que o filho é bonito estão aparecendo muitos pais, mais só eu sei a quantidade de porrada que levei por ter tido coragem e ousadia. Fui inclusive chamado de inventor, mais os que os críticos chamam de invenção, nós no Rio de janeiro, consideramos universos das possibilidades. O que vimos ao longo desses 5 anos de experimento e cerca de 1.000 jogos é um melhor controle do jogo por parte da arbitragem, já que, passamos a ter sempre 12 olhos por todo campo de jogo.
VOCÊ CONSIDERA QUE A IDEIA É VENCEDORA ?
– Ao longo do período aperfeiçoamos posicionamentos dos árbitros no campo de jogo e formas de comunicação entre a equipe de arbitragem, uma vez que são utilizados rádios comunicadores observamos menos incidentes, especialmente em lances de bola parada, como tiros de canto e tiros livres, um controle mais efetivo da linha de gol e maior precisão em termos de decisões tomadas pelos árbitros centrais, árbitros assistentes. Estes objetivos foram alcançados graças aos árbitros-assistentes adicionais.
Marcelo de Lima Henrique
A FIFA TERÁ QUE SE RENDER À TECNOLOGIA ?
– Muito oportuna sua pergunta, se não vejamos: quantas vezes foi necessária a utilização da tão proclamada tecnologia do chip na bola ou equipamento nas balizas para fotos na linha do gol? Respondo, nenhuma. Então vamos a uma análise rápida do custo benefício: custo estimado de cada bola = R$4.000,00 x 8 bolas por jogo = R$32.000 por jogo. Tomemos como exemplo o nosso campeonato brasileiro, R$32.000 por jogo x 10 jogos por rodada = R$320.000 por rodada, imagina que toda rodada temos que ter bolas novas a quanto vai isso. A pergunta é: se houver um gol com a mão não observado pela arbitragem em cima da linha do gol, o chip vai resolver? E se o atacante dominar a bola com a mão (lembra do Thierry Henry) o chip vai resolver, gol em impedimento dentro da área penal, o chip resolve?
VOCÊ ACHA QUE AINDA É CEDO PARA O USO DO CHIP ?
– Antes de se pensar de forma radical na entrada da tecnologia na arbitragem é preciso esgotar todas as possibilidades de aumentar e preparar melhor nossos recursos humanos, o que não pode é fazer o que foi feito nesse campeonato brasileiro no meu entendimento uma temeridade. Colocaram os adicionais pela primeira vez sem ter o conhecimento básico do processo, para mim equivale a tentar atravessar o deserto do Saara sem bússola e mapa, com muita sorte você pode conseguir, mas definitivamente não é a forma correta de fazê-lo.
A SUL-AMERICANA PODIA TER DECLARADO O SÃO PAULO CAMPEÃO CONTRA O TIGRE ?
– Essa decisão é a cara da Conmebol.
SUA AVALIAÇÃO DA ARBITRAGEM NO RIO.
– Nossa análise não é apenas de uma temporada, pois isso representa performance, nossa analise é baseada nos cinco anos em que estamos a frente da Comissão de Arbitragem do Rio, ou seja, nosso foco sempre é no processo. Encontramos a arbitragem do Rio doente, no CTI e em estado terminal. Tivemos que promover uma revolução, cujo, termo pode ser definido como “atividade ou movimento destinado a gerar mudanças fundamentais” o Rio de Janeiro era referencia negativa na preparação e condução dos seus árbitros, a média de idade do quadro de árbitros e assistentes profissionais era de 40.1. no primeiro teste físico aplicado no quadro de arbitragem em 2007, num total de 327 árbitros, tivemos 54% de reprovados.
EM QUE SETOR HOUVE MAIS AVANÇO ?
– Hoje os avanços são incontestáveis, nossa média de idade caiu para 32 anos, reformulamos nosso quadro na relação nacional da CBF em 82%, em 2012 fomos o único estado brasileiro com 100% de aproveitamento nos testes físicos da CBF, ao assumirmos tínhamos três no quadro da FIFA, hoje são seis, quatro homens e duas mulheres. No mês de novembro 2012 realizamos os testes físicos com nosso quadro de arbitragem no RJ, com 282 árbitros e atingimos 92% de aprovação.
O NÍVEL DOS ÁRBITROS DO RIO É BOM ?
– As exigências atuais para ingressar no quadro nacional da CBF, que são, idade limite de 30 anos e nível superior completo não nos afeta em nada, já que, estamos fazendo o dever de casa desde 2008, agora no mês de dezembro 2012 a FIFA divulgou seu quadro de árbitros internacional e em relação ao quadro de árbitros assistentes, saiu o carioca Dibert Pedroza e entrou o também carioca Rodrigo Henrique Figueiredo, portanto hoje os três assistentes do Rio de Janeiro no quadro internacional da FIFA são: Rodrigo Jóia (32), Rodrigo Figueiredo (29) e Lilian Fernandes (30)
QUAIS OS PLANOS PARA 2013 ?
– Cabe registro que ainda dentro do capitulo das inovações, em 2013 continuaremos com os técnicos de arbitragem, outra inovação carioca já copiada pela CBF, uma vez que, no campeonato brasileiro de 2012, nas últimas seis rodadas o sexteto de arbitragem se concentrou um dia antes num hotel com os “delegados especiais” da CBF, que nada mais são que técnicos de arbitragem com outro nome. Vai continuar o tempo técnico, aliás a FIFA, já anunciou que teremos parada técnica na Copa das Confederações e Copa do Mundo no Brasil, portanto são “invenções” segundo os críticos, que praticamos aqui no campeonato carioca de forma inovadora que estão aos poucos se tornando realidade no mundo conservador da arbitragem.
Leandro Vuaden
QUEM FOI O DESTAQUE DO RIO NAS COMPETIÇÕES LOCAIS E QUAL A AVALIAÇÃO DO QUADRO CARIOCA NO BRASILEIRÃO ?
– A arbitragem carioca se houve muito bem como um todo no campeonato brasileiro, com destaque para Marcelo Henrique, Péricles Bassols, Wagner Magalhães, Rodrigo Nunes Sá, Gracianne Maciel e Felipe Gomes todos árbitros atuantes na Série A do campeonato brasileiro. A propósito no ano de 2013 estaremos liberando para o estado do Paraná, o arbitro aspirante ao quadro da FIFA, Felipe Gomes, uma vez que, o mesmo passou num concurso para a policia rodoviária federal e ficara nos próximos três anos residindo em Foz do Iguaçu. Só liberamos, porque temos peças de reposição, como sempre digo, o dever de casa esta feito.
O USO DOS FONES FOI POSITIVO ?
– Não existe a menor possibilidade de a arbitragem abrir mão dos rádios comunicadores, essa é uma realidade tecnológica que veio para ficar.
COMO SERÁ A PRÓXIMA TEMPORADA ?
– Pelo terceiro ano consecutivo estaremos no Centro de Treinamento do Vôlei, em Saquarema, portanto, é a Federação de Futebol não medindo esforços e investimentos para preparação dos seus árbitros. Do dia 7 ao dia 11 de janeiro treinaremos em três períodos: manhã, tarde e noite e o programa pode ser acompanhado no link abaixo.
http://coafrj.com.br/noticias03.asp?id_not=868
A Federação de futebol através do Presidente Rubens Lopes, criou em 2012 o ICF – Instituto de Ciências do Futebol – dentro da filosofia científica estabelecida pelo ICF. Em 2013 será publicado um estudo detalhado sobre a preparação física dos árbitros, trabalho desenvolvido pelos Professores Paulo Barroso e Eric Salum. Será iniciado, na próxima temporada um estudo científico sobre a questão da importância e influência da parte cognitiva no desenvolvimento dos árbitros, trabalho coordenado pelos Doutores Wagner e Egas do ICF.