Messi Wilde Pelé

O poeta irlandês Oscar Wilde costumava dizer que “um livro não é, de modo algum, moral ou imoral. Os livros são bem ou mal escritos”. Autor do Retrato de Dorian Gray, escrito em 1890, seu único romance, escreveu poemas maravilhosos, peças fantásticas e enfrentou a sociedade inglesa tradicional e conservadora da era vitoriana ao assumir sua condição de homossexual, que lhe custou uma pena de dois anos de cárcere na prisão de Reading, onde escreveu “De Profundis”, uma longa carta para o seu jovem amante Lord Alfred Douglas, a quem chamava carinhosamente de Bosie.

O que tem a ver a vida e obra de Oscar Wilde com Pelé ?  Nada. O texto sim, fez-me lembrar o genial escritor, quando, após sucessivas noitadas regadas a vinho desafiava a imprensa e escritores medíocres que apostavam no seu insucesso, mesmo após suas crônicas, e peças teatrais como “Salomé”, terem ultrapassado as fronteiras do Reino Unido para fazer sucesso na França e nos Estados Unidos, inicialmente. Foi uma longa batalha, uma história incrível de perseverança e obstinação acompanhados de uma grande dose de talento. Hoje reconhecido em todo o mundo.

Wilde morreu no dia 30 de novembro de 1900. Em janeiro de 2012 lembrei-me do grande escritor, que tinha aversão a maus jornalistas, mais que a determinados editores. Os primeiros eram incompetentes, dizia, os outros preconceituosos, ardilosos, covardes. Detestava a ambos, com inteira razão  porque sofria na pele uma perseguição brutal, violenta. Não poupavam sequer seu talento. Esquivava-se daquela classe de profissionais e evitava ler qualquer crônica a seu respeito. Mas era inevitável que chegassem a ele artigos falando de suas obras e, principalmente de sua vida.

Mal comparando, Pelé vive problemas semelhantes, mesmo quando está quieto no seu canto, levando sua vida de empresário, curtindo o seu status de “Rei do futebol”. Primeiro e único. Mas a maldita imprensa, ô gentinha mala, sempre encontra o que falar, discutir. Há sim, um preconceito velado ao brasileiro mais famoso de todos. Pior que isso, tenta encontrar, desde 1957, quando o mundo se espantou com seu futebol, alguém que possa ser comparado a ele. Até quando vão insistir com isso. Deixem de ser imbecis, parem de passar recibo de incompetente. Vendam as porcarias de seus jornais com alguma coisa que contribua para melhorar o mundo. Salvem os macacos ou coisa assim.

Vocês não se tocam que ninguém agüenta mais essa baboseira, sempre que falta assunto no futebol ?  Resposta mais sensata, original e definitiva que deu Pelé, impossível. Foi um recado para vocês, que insistem em fazer comparações. “Ganhem três copas do mundo e façam 1283 gols e vamos começar a conversar”. Não foi para o Messi, craque indiscutível, incomparável nos dias atuais, que Pelé respondeu, mas para essa gente que não tem competência para escrever, criar uma matéria e tenta influenciar a opinião pública. Ora, vão procurar o que fazer.

Pelé foi, mais uma vez, simples em se tratando de se auto-analisar. Não basta ganhar três copas e fazer 1283 gols. Tem que ser campeão do mundo de seleções aos 17 anos,  bicampeão aos 21, e bicampeão mundial de clubes aos 23 anos. Com o tri de 1970, cinco títulos mundiais. Precisa ainda ser “Atleta do Século”, fazer 58 gols num campeonato, com 17 anos, oito gols numa partida, parar o mundo para fazer o único gol mil da história, parar uma guerra, provocar a expulsão de um árbitro, pegar a Xuxa. Fico por aqui, com a certeza que virão novos “pelés” e as comparações. Se não, de que essa gente vai viver ?

Créditos:

Foto Pelé – site: ebafutebol.com.br
Foto Messi – site: footballwallpapers.com
Foto Oscar Wilde – site: poesiasdeflaviocuervo.blogspot.com
Montagem – Marcelo Santos

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