DOIS
Fico imaginando o rumo que teria tomado o futebol brasileiro sem o JORNAL DOS SPORTS, que completa hoje 79 anos. É o segundo jornal esportivo mais antigo do mundo e o mais importante veículo de comunicação esportiva do país. Conhecido como a “Bíblia do Esporte”, nas últimas quatro décadas, esteve presente aos mais importantes eventos desde sua fundação. Lembro quando comecei a me interessar por futebol, lá pelo fim de 1957, quando, começou a arrancada para o pentacampeonato mundial. Em todas as escolas públicas onde estudei, rolava uma edição do “Cor de Rosa” por baixo das “carteiras”, até chegar a hora do recreio, quando se formavam grupos para saber o que estava rolando – sem intenção de trocadilho – no mundo da bola. Eram quinze minutos para uma pelada desajeitada e uma rápida leitura. Vi a palavra “Pelé” pela primeira vez na capa do JORNAL DOS SPORTS de uma banca da esquina de Xavier da Silveira com Nossa Senhora de Copacabana. Comprei o jornal para saber que personagem era aquele que estava ameaçando o lugar do meu ídolo Dida. Assim começou minha ligação direta com o JS. Veio o primeiro título mundial, na Suécia e lá estava “um negrinho que apareceu no Santos para encantar o mundo”, uma das principais chamadas deste jornal sobre surgimento do maior atleta de todos os tempos. Já “adulto”, o JORNAL DOS SPORTS continuava fazendo e contando a história do esporte brasileiro. Veio o bicampeonato, a conquista definitiva da Jules Rimet, pela maior seleção que o mundo viu jogar e a história continuava sendo contada aqui. Criado por Mario Filho, o JS tornou-se uma autêntica Universidade de Jornalismo. Nelson Rodrigues era a única unanimidade que não era burra. A leitura de suas colunas era obrigatória como uma identidade. Inteligente, sagaz, tricolor ao extremo, era uma leitura deleitável como uma vitória santa do seu Fluminense. “Conheci” João Saldanha aqui, nas páginas do JS. Era, e continua sendo o meu ídolo entre todos os jornalistas que conheci. Depois trabalhamos juntos em três empresas diferentes. Fizemos juntos, e dividimos quarto, na copa do mundo de 1986, pela TV Manchete. Inigualável. Foi um dos mais fantásticos colunistas que teve a imprensa esportiva desse país. Fez história nas páginas do Cor de Rosa. Henfil encantou o país com seu traço único. Depois de correr pelos campos da vida, cobrindo Copa do Mundo, Olimpíada, Campeonatos Brasileiros, dezenas de estaduais, sul-americanos, quase todos os esportes, senti que alguma coisa além do rádio e da televisão. Um sentimento batia forte dizendo que não era hora de parar. Faltava escrever no JORNAL DOS SPORTS. Não sei quanto tempo faz, tampouco quanto falta. Sei que agora posso “pendurar” o computador. Parabéns Cor de Rosa.
* Publicada no Jornal dos Sports aos sábados