Uma coisa que me intriga é a omissão dos “famosos” como os especialistas em “imbecilização” costumam chamar e abrir espaços para “Ex-BBB”, etc, como se isso fosse um grande mérito, ou outra figura esdrúxula por eles criada. Passei grande parte da minha vida em campos de futebol, aeroportos, aviões e hotéis mundo afora, acompanhando times e seleções, convivendo com craques absolutamente sensacionais, vi do gramado o maior time de todos os tempos, a seleção do tri, até então, praticamente no inicio de carreira, curtindo cada um daqueles momentos. Último ato, valendo pontos, foi acompanhar a seleção de 1986, dirigida por Telê Santana, o maior técnico que conheci, como profissional e como figura humana. Fiquei, para a TV Manchete, 133 dias, desde a escolha do técnico, até a volta de Guadalajara depois da eliminação para a França, com o grupo. Em 1982 dei um tempo para iniciar, na Castelo Branco, o curso de Educação Física, a melhor escolha profissional que fiz na vida. Ganhei por um lado, deixei de acompanhar de perto o que muitos consideram o melhor time de todos os tempos. O que não faltava naquele time era craque. Doeu, no México, ver o time ser eliminado, mesmo com os desfalques importantes daquela copa. Foi a última vez que torci para a seleção. Trauma não foi, posso garantir. Indiferença, sim. Não dava mais para seguir torcendo por um bando de gente suspeita comandando a verdadeira alegria do povo. Foram tirando dos torcedores, aos poucos, até entregar, de vez, para uma televisão, aquilo que mais mobilizava a nação. Quebraram a nossa Petrobras da bola e vimos parte da imprensa mundial denunciar o roubo que se instalara na Fifa (leia “Como eles roubaram o jogo” de David Yallop) com propinas milionárias na Conmebol e CBF. Sim, foi esse jornalista inglês quem acelerou a queda da quadrilha que comandou o futebol mundial e brasileiro durante décadas. Muita gente continua solta, sendo investigada pelo FBI, mas isso é outra história. Vimos uma seleção deixar o país na calada da noite, em aviões particulares, todos milionários, fone ao ouvido, só faltando dar uma “banana” para quem ainda perde seu tempo pintando calçadas ou vestindo camisa amarela por numa copa do mundo. Muito pouco. A chamada “grande mídia” está pouco interessada no que esse time pode fazer em campo, o que importa é a audiência, patrocínios todos vendidos, e uma meia dúzia de profissionais rumo a Russia para fazer “geladão” e deixar o monopólio dar seus últimos respiros. Nada contra salário de ninguém. Quem é bom tem mesmo que ganhar mais, muito, muito mais. O que me incomoda é saber que essa gente poderia dar contribuição maior se tivesse o mínimo de politização, consciência nacionalista, não deixar nas mãos de pobres caminhoneiros, que ganham o que uma estrela da seleção gasta num jantar, a responsabilidade de mobilizar o Brasil e levar para as ruas a nossa bandeira, junto com a esperança de que as coisas podem mudar. Perderam uma grande chance de entrar para a história.