Não
Sábado, a Argentina sofria para derrotar o Panamá. Hoje, qualquer time limitado, para se fortalecer na marcação, escala jogadores fortes e altos para cortar os cruzamentos sobre a área porque não há mais pontas se infiltrando pelas beiradas. E blindam com três gladiadores frente à grande área a conter tabelas sem inspirações porque o camisa 10 desapareceu pela estrada. Só são encontrados em retrospectivas e no Baú do Esporte. Mesmo assim o melhor jogador do mundo, Messi, foi levado pelo seu treinador para a Copa América. Quando foi chamado, aos 20 minutos do segundo tempo, o estádio se levantou. O torcedor argentino, então, parecia o torcedor brasileiro em estado de êxtase quando Pelé, Zico, Garrincha e Romário se preparavam para nos conceder um recital. Foi o momento mais bonito da competição, de emocionar todos os amantes do futebol. Nos 25 minutos que esteve em campo, Messi não errou um só passe, fez dois gols deslocando o goleiro com extrema categoria, e em uma cobrança de falta realizou o que nem os engenheiros da Sony alcançaram quando conceberam o Playstation da FIFA: uma trajetória perfeita em sua concepção rumo ao gol, com a bola passando raspando o cabelo do segundo homem da barreira e se alinhando na ultimo dobra alta da rede distante de qualquer goleiro, ao vivo ou no joystick, pelo mundo.
Quem poupou o Neymar para os jogos olímpicos, e nos concedeu o vexame de uma precoce eliminação da Copa América, desconhece os valores pelos os quais o Barão de Cobertin, um francês apaixonado pela pedagogia e pelo esporte, reviveu os jogos olímpicos da era moderna. Competir, acima de ganhar, era este o lema de quem acreditou que se o esporte fora capaz de estabelecer uma trégua entre as cidades gregas que viviam em guerras, seria capaz também de unir, e desarmar, povos que se destruíam entre as duas grandes guerras. A Tocha Olímpica que roda o país, e concede distinção aos seus heróis locais, carrega a chama da confraternização. Existem valores nas Olimpíadas tão importantes quanto subir ao pódio e ganhar uma medalha. Uma pena a CBF não alcançá-los e, pior, e trocar as bolas: Felipão concedeu espaços, gentilezas e liberdade em nosso território aos alemães quando deveríamos lutar para ganhar a Copa, e Dunga poupou o Neymar para vencer jogos em que precisamos, acima de tudo, competir. Neste caso, a ordem dos ideais altera nossa alegria. E desvaloriza cada vez mais o nosso futebol deixando nossa segunda feira com cara de segunda feira.