Sabe
Diante de tanto talento inebriante, servidos por várias gerações, nos tornamos viciados em futebol arte. Perambulamos pelos bares, depois da novela, pelos canais premiére, copo de cerveja à mão a procurar comida. Por ali, temos encontrado rações com o sabor das falhas do Henrique, saídas de bola vencidas do Wallace, penetrações insossas do Márcio Araújo e conclusões sem sal do Riascos. Vamos aos estádios com a boca seca, o coração batendo, emoções afloradas do mesmo jeito com que os americanos se dirigem a Cabo Canaveral. Por lá, obtiveram suas maiores conquistas. Querem rever a Apolo subir, como Dadá Maravilha elevava seus pés diante dos beques, e lá respirar Neil Amstrong. Rever a nave Columbia. A conquista da lua. Nós, brasileiros e argentinos, juntos conquistamos a posse de uma outra cobiçada lua, de couro ou sintética, e não foram poucas. Somadas trouxemos pra Terra 7 copas do mundo e 5 vice campeonatos.
Ultimamente, vagando sem a nicotina do drible, que ninguém mais ousa dar, tocam a bola de primeira, estilo Tic TAC, sem o álcool do domínio, com a garrafa esférica escorregando no peito, das coxas e da ponta das chuteiras, estávamos a procura da CBA ( Carentes da bola anônimos) quando assistimos Leonel Messi nos conceder, na ultima quarta feira, um banquete contra o Arsenal.
Não tanto pelos gols, um salmão com molho de maracujá, mas pela raça com que ele atravessou o campo, aos 40 minutos do segundo tempo, para realizar a cobertura do Daniel Alves. Não tanto pelo penalty, magistralmente batido, um filé com fritas com molho madeira, mas porque não desperdiçou uma só gota do suor do seu talento a reclamar. Apenas jogou, dominou, passou, driblou e partiu em velocidade em direção ao gol. Seu exemplo e postura estão fazendo Suarez parar de morder, Neymar de fazer gracinhas, como lençóis e canetas inúteis e para trás. Sendo assim, a procura da cura, passaremos, brasileiros e argentinos, a segui-lo como apóstolos pelas tardes na telinha. Seja na Copa da UEFA, seja no campeonato espanhol, a procura da cura. Ela já começou e tem lema: Evite o primeiro gole, digo, primeiro lance. Do futebol carioca.