Time
O que não dá o direito de que outros treinadores, de elencos limitados como o atual do Flamengo, poupem seus titulares nos campeonatos estaduais às vésperas de enfrentar “poderosos” adversários, como o bravo Real Potosi, da Bolívia. Os jogadores são pagos, e bem, para jogar duas vezes por semana. Até preferem porque ganham duas folgas na semana, no lugar de uma, e os jogos são televisados, os juízes são da FIFA e sua integridade pode ser preservada.
Quando são poupados, vão fazer coletivos contra os juniores, sem gratificações ou direito de arena, diante de uma correria danada. Ou correr na praia, ir para a sala de musculação, correr na esteira. Só os narcisistas, e os notívagos como Adriano, preferem ser poupados. Deixando de jogar, perdem a oportunidade de se entrosar com os novos companheiros (e hoje em dia, a cada temporada, haja novos companheiros) e o entrosamento é o único ingrediente que não está à venda no mercado. Para obtê-lo é preciso treinar e jogar junto durante meses, talvez anos, até que a torcida e os jornalistas escalem de cor cada equipe.
As memoráveis,que ficaram na ponta da agulha, como Castilho, Pindaro e Pinheiro, ou Gilmar, De Sordi e Belini, por exemplo, precisaram de décadas e títulos para serem eternizadas. Querem testar? Tente escalar o time titular do Flamengo sem cola ou ajuda do Google? Por tal absurdo, que também irá tirar preciosos pontos do Vasco e do Fluminense quando mandarem a campo seus limitados mistões, é que o Botafogo se torna favorito para vencer o estadual carioca.
Não que tenha um grande elenco, mas vai continuar mandando a campo sua força máxima mesmo contra o Resende, o Americano, até que o Andrezinho decore o lado em que o Maicosuel goste de receber os lançamentos. Visão e precisão que o Herrera teve, depois de duas temporadas juntos, ao saber o Ponto G em que o Louco Abreu se encontrava na área para transformar em gol um cruzamento. Já no ultimo sábado,em Macaé, João e Felipe e Magal, então titulares das laterais do Flamengo, chegaram ao fundo em algumas oportunidades à procura do Jael na grande área. Como jamais jogaram juntos, encontraram outros pontos, fora do ponto, que terminaram ou nas mãos do goleiro, ou na cabeça dos zagueiros adversários.
Quando forem descobri-lo, já retornou o Léo Moura, já tiraram o Jael da grande área, e quem vai estar no comando do ataque deve ser o David. Como dizia a sábia Fernanda Lima, no programa Amor&Sexo,o Ponto G você só descobre praticando e jogando juntos, e pelo que vimos sábado, em Macaé, time misto é o caminho mais longo para não obtê-lo. De como não atingir o sublime prazer que no futebol é representado por um grito de…Gol!
Zé Roberto | Ex-atleta do Flamengo e Fluminense
José Roberto Lopes Padilha (Zé Roberto), nasceu em Três Rios, no Sul Fluminense, é jornalista formado pela Unicarioca. Ex-atleta profissional de futebol, jogou no Fluminense, Flamengo e Santa Cruz. Técnico de futebol, é Coordenador de Esportes da Prefeitura de Três Rios. Escreveu três livros sobre futebol: “Futebol: a dor de uma paixão”, “À beira de um gramado de nervos” e do trabalho tático “55 Reversível”, editado pela Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro.