O PIOR JOGO DO ANO

Sei que é muita responsabilidade para o ano da Copa, logo cedo, no mês de fevereiro, já receber a triste notícia de que hospedou o pior jogo do ano. Pobre dos 9.208 pagantes que poderiam ter ido ao teatro, ao cinema, permanecer na praia até o entardecer. Mas pelo seu amor a Vasco e Botafogo se dirigiram ao Maracanã e foram castigados com o calor e a mediocridade durante intermináveis 90 minutos. Nunca tantos erraram tantos passes em tão pouco tempo no maior estádio do mundo.

Mas quais os ingredientes selecionados para fazer jus a tão precoce inglória? Primeiro, coloca-se um treinador acima do peso de camisa azul clara, de nome Adilson Batista, a gesticular sem parar à beira do gramado, apontando pra lá e pra cá sem qualquer sentido porque escalou um meio campo sem sentido, que nem a pancada ou palavrões, gestos ou convulsões teria chance de acertar uma jogada. 

Ao escalar Guinãzu para distribuir carrinhos violentos e não arriscar passes com alvos acima de 10cm, colocar ao seu lado Felipe Basta de errar tantos passes, e à frente posicionar Bernard e William Barbio para a criação sem ter o dom para tal missão, Adilson trocou o tom da camisa encharcada, para azul escura, venceu a partida com um gol irregular mas absolutamente nada contribuiu para o enriquecimento tático e técnico do nosso futebol. 

Será que quando jogou ele teve alguém perturbando sua atuação, impedindo a liderança e o improviso ali do lado só para o comentarista do SporTv enaltecer que o treinador está participando ativamente do jogo? Não seria mais fácil colocar o Pedro Quem raciocina melhor e entrar com o Thalles de cara e esperar o intervalo para arrumar a casa não com gritos gestos, mas com ponderações?

Em segundo lugar, do outro lado Eduardo Húngaro escala um time misto sem pé nem cabeça, prá lá de limitado, quando o Botafogo teria oportunidades de levar a campo o que tem de melhor, dando jogo e entrosamento ao Jorge Vagner, que chegou vestiu a 10 e mal conhece o estilo Gabriel, os passes longos do Dória, a forma irretocável do Jéferson sair jogando com as mãos, repondo a bola deslizando pelo chão, sem precisar de qualquer domínio para acelerar um contra ataque. 

Só é cabível a escalação de um time misto quando você tem um time titular, e todos nós sabemos que o alvinegro ainda não montou o seu para esta temporada. Então porque perder um clássico no local da decisão para poder ensaiar, dar ritmo e confiança a equipe para jogar contra o Deportivo Quito?

É triste a atenção dos times grandes do Rio para com o seu estadual. Com a síndrome da Taça Libertadores, Abel Braga escalou time misto do Fluminense ano passado e entregou de bandeja o bicampeonato. Acabou eliminado em todas as competições. Vai o Botafogo para o mesmo caminho, abre mão do estadual e fica esperando o mês de sua eliminação. 

Quando abrir os olhos, perdeu títulos e a oportunidade de formar um elenco à altura de 2013. Como já dizia Silas de Oliveira, “Liberdade, Liberdade, abra a Libertadores sobre nós, mas que a arte dos estaduais seja sempre a nossa voz” A voz das esquinas, da rivalidade, das gozações que mesmo chegando a Tóquio não encontrarão eco, tradição ou tradução do mais charmoso dos estaduais que vivem a subestimar.

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *