Parece
A primeira, e vou começar por um time pequeno, mas muito bem preparado. Em 1977 fiz uma excursão com o Bonsucesso pela Espanha, levado pelo empresário José da Gama. Iniciada a digressão, o time dirigido por Ademar Braga empatou com um time pequeno, que não lembro o nome, e foi disputar a final do Torneio Conde de Fenoza, em La Coruña, no estádio Riazor lotado,
Contra o River Plate da Argentina, com oito jogadores da seleção, entre eles Fillol, Merlo, Perfumo, J.J. López, Oscar Mas e outros. O time carioca venceu por 1×0 e fez história.
Antes, disso outra excursão, essa com o America, em 1973, na África, terminando a gira em Angola, contra o temível Benfica de Eusébio, Nenê, Simões, Toni, Humberto Coelho e outras feras, base da seleção portuguesa terceiro do mundo, na Inglaterra. A final do Troféu Tap foi disputado em Luanda e o time dirigido por Amaro venceu os portugueses por 5×4, nos pênaltis, depois de empatar em 1×1 numa das partidas mais espetaculares da história do clube de Campos Sales. Lembro bem desse jogo e daquele time, com Vanderlei, Cabrita, Mareco, Alex e Álvaro; Renato e Tadeu; Flexa, Antonio Carlos, Sergio Lima, e Mauro.
A terceira grande conquista que presenciei na Europa foi a vitória do Flamengo sobre o Barcelona, não tão terrível como esse atual, mas sempre um clube poderoso, um grupo respeitado mundialmente. Mas o Flamengo tinha Zico, que comandava um dos maiores times da história do clube. Os 2×1 (Julio Cesar Uri Geller e Zico), levaram o time à final, contra o Ujpesti, da Hungria, vitória por 2×0, gols de Zico. Time da final: Raul, Toninho, Rondinelli, Manguito e Junior; Carpegiani, Andrade e Zico; Titã, Julio Cesar e Claudio Adão (Adílio).
Muitos troféus importantes foram conquistados por Fluminense, Vasco e Botafogo contra poderosos times europeus, que ficaria cansativo enumerá-los aqui, até porque todos conhecem. O Botafogo excursionava todos os anos após a temporada mexicana e trazia sempre um troféu de campeão. Se pretendemos falar do futebol brasileiro, basta lembrar as conquistas mundiais da seleção, apenas uma delas na América do Sul, em 1962, no Chile.
Aí vieram as mudanças no futebol brasileiro, que não tem nada a ver com a Lei Pelé, que tem origem na Lei Bosman, criada em junho de 1990 através de um recurso impetrado pelo jogador belga Jean-Marc Bosman, contra o Liège, seu clube, que forçou sua saída depois de discordar de uma indenização milionária. Bosman não aceitou os 11.732.000 francos belgas e ganhou a liberdade da justiça. Hoje, se um clube depositar o valor dos direitos de Messi, pode levá-lo do Barcelona mas terá que pagar uma fortuna. Nada diferente daqui. Pôr a culpa na Lei Pelé não tem respaldo.
A primeira grande mudança no futebol brasileiro começa a partir do monopólio da televisão sobre a seleção brasileira, os principais campeonatos e a competição nacional, primeira e segunda divisão. A meta é tirar o torcedor dos estádios, não vê quem não quer. E tem sido assim, basta ver os horários dos jogos, todos marcados em função da grade de programação da TV. Há jogos às 16 horas, 18h30min, 19h,30 e 21h50min. O futebol brasileiro gira em torno de uma grade de programação, que ninguém enfrenta porque não pode, está “devendo”, ou pegando dinheiro adiantado.
Como era previsto e anunciado por uma parte da imprensa independente, não essa “chapa branca” que anda por aí, a televisão matou o futebol, afastou parte dos torcedores e, em pouco tempo terá sua meta alcançada: todo mundo vendo jogos em casa, o torcedor de sofá. Pior que isso é aturar transmissões “politicamente corretas”, chatas, inaudíveis. Cada dia pior, espalhadas em todas as sintonias. Assim vai o futebol brasileiro, os clubes calados, a imprensa muda e o torcedor do Santos, a bola da vez, tendo que aturar o maior vexame desde que se tornou o melhor time do mundo.