O MELHOR FUTEBOL DO MUNDO

Criado em 1971, o Campeonato Brasileiro ainda precisa melhorar muito para ser considerado o “mais difícil do mundo”, como insistem em chamar alguns ufanistas de plantão e, principalmente, mal informados. Cometem um grande equívoco, considerando-se que sua função permite formar opinião em seus ouvintes e leitores. Pior que isso, alegam que o campeonato espanhol tem apenas dois clubes, sem considerar que essas duas equipes são, simplesmente, as melhores do mundo. E o brasileiro tem 15 candidatos ao título. Mentira.

Digo, há mais de cinco anos, que o país do futebol é a Espanha e os títulos conquistados pela “Roja” não deixam nenhuma dúvida. Copa da Europa, Copa do Mundo, Copa da Europa, direto, um “tricampeonato” difícil de ser igualado. Não por acaso, lá estão, novamente, três dos candidatos a melhor jogador da última temporada, pela segunda vez consecutiva. O Barcelona tem o melhor jogador do mundo dos últimos quatro anos. O Real Madrid tem Cristiano Ronaldo, que brilha intensamente, nesse mesmo período.

Para a escolha do melhor treinador, novamente os três candidatos a melhor da última temporada trabalham na Espanha. Pep Guardiola, de férias nos Estados Unidos, entrou para a história e se deu ao luxo de ficar um ano sem trabalhar, para se reciclar e melhorar seu conhecimento da língua inglesa, talvez um indício de sua anunciada ida para o Reino Unido. Cotado para a seleção brasileira, ganhou status de super pop. Esse futebol, sem Messi, Cristiano, Higuaín, Di Maria, Agüero, Marcelo, Benzema, Özil Falcão, Khedira e outros, vem disputar a Copa das Confederações como franco favorito.

A nova CBF precisa tomar algumas providências para pôr o futebol brasileiro em seu devido lugar, não na 13ª posição como está neste momento. Uma posição real, que não se pode contestar, mesmo sendo feita pela Fifa, envolvida em acusações pouco recomendáveis, considerando que é a entidade responsável pelo futebol em todo o mundo. Mesmo assim, sem considerar esse ranking, se preferir assim, o futebol brasileiro está longe de ser considerado o melhor do mundo como sempre – com justiça – foi citado.

Chega ao fim o décimo campeonato brasileiro por pontos corridos, com atraso de algumas décadas em relação ao resto do mundo, com raríssimas exceções. E o que se constatou foi, ao contrário das opiniões citadas acima, apenas dois clubes disputando a taça que, pela primeira vez em alguns anos, foi mostrada ao torcedor em campo, como é feito em todos os campeonatos e torneios – incluindo a Copa do Mundo, Copa da Europa e Liga Dos Campeões da Europa e Olimpíada -mais importantes do futebol mundial.

O Fluminense, com justiça, foi o campeão faltando quatro rodadas para o fim da competição, o que mostra a força do seu grupo, principalmente pelos cinco pontos que o separaram do vice Atlético Mineiro. Foi o melhor time de um campeonato tecnicamente fraco, em todos os sentidos. Prejudicado, é verdade, pelas obras em alguns estádios importantes, foram registradas rendas ridículas, públicos inferiores aos de torneios estaduais mais fracos. Uma queda que pode ser creditada, também, aos jogos mostrados na televisão, até mesmo para a praça.

A confecção da tabela, que não pode ser criticada porque havia nela boa intenção, foi um tiro no pé. De nada adiantou fazer a última rodada com os clássicos estaduais – muitas vezes chamados regionais pelo mesmo pessoal citado lá atrás – se o título estava decidido e apenas Nautico x Sport valia classificação, que acabou levando o Sport à segunda divisão com a derrota por 1×0, nos Aflitos. Flamengo x Botafogo, Santos x Palmeiras, Grêmio x Internacional, Atlético Mineiro x Cruzeiro jogaram para cumprir tabela.

Exceção do Gre-Nal, que marcou a despedida do estádio Olímpico, com grande apelo, evidentemente, os outros clássicos nada prometiam e o torcedor não foi. Se a idéia foi fazer esses jogos evitando um possível “acerto” a CBF deve procurar outra forma de moralizar a competição, dando-lhe credibilidade, respeito, transparência. Não pode confeccionar uma tabela ao gosto da televisão que tem os direitos de transmissão. Em primeiro lugar deve ser observado o que interessa ao torcedor, como levá-lo aos estádios.

Ainda precisa melhorar o nível das arbitragens. Não há mais espaço para árbitros amadores no futebol brasileiro, onde tudo gira em torno de dinheiro, lucro. Não sei – por isso não vou entrar em detalhes – a quantas andam as cotas de televisão, mas garanto que durante muito tempo os clubes recebiam migalhas. Se os apitadores não se profissionalizarem, tiverem respaldo da CBF, reconhecimento e respeito do público e dos jogadores, vai continuar difícil administrar o futebol brasileiro, em todos os sentidos. Há bons árbitros, mas péssimos jogadores, em termos de disciplina. Voltarei ao assunto.

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