O FATOR RUBENS GALAXE

Não é difícil entender esta confusão no Fluminense provocada, desta feita, por um membro da OAB. Ordem dos Analfabetos da Bola. Que tem sua carteirinha da desordem retirada num concurso de cartolas, aqueles personagens temidos por Nelson Rodrigues, João Saldanha, Sandro Moreira e Armando Nogueira que continuam, infelizmente,  dando suas caneladas no futebol brasileiro. Mário Bittencourt, o OAB da vez, que já foi do CREMERJ, da UNIMED, de uma sigla qualquer formada fora das quatro linhas, jamais chupou gelo com alguém. Não freqüentou vestiários quando adolescente, não deu volta olímpica, é mais um torcedor fanático que se aproveita da fragilidade dos clubes de futebol e emergem, enquanto sócios, à direção do futebol. O que esperar dele senão seguidas contratações equivocadas. Posturas induzidas pela emoção. Jamais pela razão.

No nosso futebol, incrível, não há um só atleta como dirigente forte da CBF, das suas confederações ou dos seus clubes. Não há um Platini, um Beckenbauer, um Daniel Passarela. Só Del Nero, Rubens Lopes, Ricardo Teixeira. Nos envergonha, enquanto brasileiros, quando num mundial, em uma Libertadores, as lentes se dirigem às tribunas e os representantes do nosso lado, sem exceção, são figuras que jamais deram um chute na bola de futebol. Colaboraram com o esporte dentro ou fora das quatro linhas. Nossos ídolos, ou estão treinando times ou comentando futebol pela televisão quando poderiam colaborar com sua organização. Com sua moralidade e respeitabilidade.

Se no Fluminense houvesse justiça, e seriedade, e coerência, o Diretor de Futebol deveria ser o Rubens Galaxe. Não Mário Bittencourt. Poucos na história do clube, talvez Pinheiro, Zezé Moreira e Telê Santana tenham dedicado tanto sua vida ao clube. Rubens chegou às Laranjeiras aos 16 anos e percorreu todas as divisões de base, vestiários e duchas. Jogou no juvenil, juniores, profissionais, defendeu a seleção brasileira sub-20, foi às olimpíadas de 72, na Alemanha, jogando em todas as posições possíveis. Era o chamado coringa. Nascido em Conselheiro Josino, interior de Campos dos Goytacazes, permaneceu com seu amor ao clube colado à instituição que aprendeu a amar. Após ganhar todos os títulos e o respeito de todos, estudou administração, voltou ao Fluminense para treinar os juvenis em Xerém e chegou, como treinador, a dirigir os profissionais numa Taça Brasil. Com todo este currículo, está trabalhando algum tempo no Detran. Como tricolor de coração e vida,  empresta sua fidalguia, disciplina, honradez e sabedoria esportiva (que aprendeu na mais conceituada escola de futebol do mundo, com mestres da linhagem de José de Almeida e Roberto Alvarenga) a um órgão que precisa historicamente de pessoas íntegras por lá, mas que poderia se estender a quem mais precisa, no momento, de tudo isto mais a cumplicidade de um gelo trocado. Do suor dos vestiários. Das tiradas inesquecíveis do Ximbica, Do burburinho do Bar do Fidélis, do samba  e histórias do simpático massagista Jerônimo.

O Fator Rubens Galaxe, que aproveita no clube toda a sabedoria e equilíbrio de quem por ali exerceu com liderança sua história, deveria vencer o Fator OAB, que coloca todo clube de futebol órfão das decisões de quem estudou Direito, mas bate torto na bola. Fez residência no Souza Aguiar, mas nunca dormiu em uma concentração. Possui cartão UNIMED, mas não alcança os anseios dos torcedores que vão aos estádios com a carteirinha do SUS. Pedrinho no Vasco, Junior no Flamengo e Afonsinho no Botafogo como diretores de futebol. Simples assim. O grande erro do Roberto Dinamite foi ser presidente do Vasco, este cargo é para ser oupado por um sócio benemérito que tem que cuidar do cloro da piscina, pagar os funcionário, manter o clube limpo. Se fosse Diretor de Futebol daria um banho, não sairia com sua imagem manchada daquele jeito. Então, em nome de toda nossa história, Presidente Simmens, vamos iniciar um novo troca troca como fez seu antecessor Francisco Horta, desta feita na direção das instituições. Rubens Galáxie como Diretor der Futebol, Bittencourt administrando o Detran.  O transito já está ruim mesmo e tenho certeza que o Rubens ensinará o Ronaldinho estacionar seu talento naquela  vaga existente entre o Jean, Cícero  e o Fred.

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

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