O CIRCO

O dono do circo entra na sala, puto da vida, desesperado com a baixa frequência dos espetáculos. Nem dez por cento dos anos dourados, grandes apresentações, artistas famosos, belos shows, casa cheia. Sempre foi assim, até ele chegar com seu grupo poderoso, modificando tudo. Tem que ser assim, não permito daquele jeito e foi-se apoderando de tudo, dando as cartas, até que as coisas foram mudando. Aos poucos, mas mudando. “Vai matar o circo” diziam.

A realidade hoje é outra. Não há mais artistas, os grandes espetáculos estão na Europa, os Estados Unidos sonham com um novo projeto e os chineses, grandes malabaristas, aparecem como novo grande investidor. O dono do circo está perdido, com todo o seu arsenal de truques e mágicas que enganou a todos por muito tempo. O último dos grandes acrobatas brasileiro desfila sua habilidade, destreza e astúcia em arenas espanholas. Outros, que não resistiram a centros importantes estão voltando, em fim de carreira, a maioria.

A solução imediata é transmitir os espetáculos lá de fora, enquanto as bilheterias daqui ficam cada vez mais abandonadas. Enquanto ele grita, esperneia, vomita arrogância e prepotência, os bravateiros calam-se e aceitam suas ordens. Ou não recebem os míseros tostões que ainda caem em seus chapéus. Não por muito tempo.

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