“O CAMPEONATO CARIOCA MORREU”. Como, o “campeonato mais charmoso do país”, como dizem as placas de publicidade no gramado, os locutores de rádio, as chamadas dos jogos, da televisão, morreu ? Isso mesmo amigo blogueiro, que você leu. Sabe o que nós, profissionais e torcedores fizemos nos dois últimos domingos ?. Ficamos em casa vendo a decisão do campeonato paulista. Dois excelentes jogos, dá gosto ver os meninos da vila dar a volta olímpica, mesmo com a vergonhosa arbitragem de Sálvio Spinola e seus auxiliares. Dá gosto ver o modesto Santo André fazer os dois jogos que fez. Mas não é isso que queremos. A música não erra, quando diz “domingo, eu vou ao Maracanã, vou torcer pro time que sou fã …”. Então, qual é a solução, vamos torcer para o Santos, Palmeiras, Corinthians ?. Não. Vamos exigir nossos direitos. Vejam o Estatuto do Torcedor, procurem o Procon, vão à justiça exigir mudanças. Mexam-se. Ficar mandando e-mail, correntes, não resolve o problema. Buscar culpados não é a solução, todo mundo está cansado de saber quem são. Que campeonato é esse que o regulamento não define quem é o vice-campeão, os times grandes só jogam em casa, a taça (único caso no mundo) é entregue numa festa promovida pela e para a televisão, os campos são aprovados pela rede que tem os direitos de transmissão, repórteres são impedidos, suspensos e até ameaçados de não poder mais trabalhar em campo e até fisicamente ?. Passou dos limites. “A televisão vai matar o futebol” foi o título de uma coluna que escrevi há vinte anos atrás. Coisa fácil de prever. Não por culpa da TV, mas pela incompetência dos dirigentes cariocas, serviçais, subservientes, omissos, cúmplices. Alguns, dizem, até muito ricos, nem precisavam estar perdendo seus fins-de-semana em Búzios, Angra, Miami, e outros paraísos espalhados pelo mundo. Enfim, cada um carrega sua cruz como merece. Coitados. E não vai parar por aqui. A próxima temporada, pelo Estatuto do Torcedor, terá que ser o mesmo regulamento. Tudo acertadinho para os quatro grandes nas semifinais, dois disputam o título, se alguém não furar o “esquema”, no bom sentido, e ganhar os dois turnos. Todos os importantes campeonatos europeus terminam na data prevista, porque o regulamento é simples. Pontos corridos. Quem chega na frente é o campeão, o segundo é vice e segue o bonde. Os quatro primeiros disputam a Liga dos Campeões, dois vão para Liga da Europa, os três últimos descem, os três primeiros da Segunda Divisão sobem. Simples. Esses números variam de acordo com a quantidade de times de cada país, só por isso. O Campeão recebe a taça em campo e faz a festa com a torcida fora do estádio. Quem não tem campo para jogar (ida e volta exige uma praça de esportes) não disputa. Já imaginaram o Liverpool – para não falar dos gigantes – jogando para 500 pessoas ?. O Vasco jogou, em seu estádio. Inadmissível para um grande do futebol sul-americano e mundial. Real Madrid e Barcelona jogaram no estádio Santiago Bernabeu com camarote a 2.200 euros. Em campo, metada de seleção espanhola. Os outros, exceção de Marcelo, que não deve ser convocado e Ibrahimovic, porque a seleção sueca está fora, estarão disputando a copa do mundo em junho. O que não podem é cobrar 250 reais uma cadeira para ver esse futebol medíocre que está aí, uma afronta ao bom senso. A Federação é responsável pela competição mas não é culpada por contratos assinados antes nem a situação dos clubes, afundados em dívidas e lutas pelo poder. O presidente Rubens Lopes pegou o futebol do Rio falido, desacreditado, refém da tv que tem os clubes nas mãos. A televisão está na dela, também não pode entrar de vilã nesse emaranhado todo. O que fazer, então, acabar com o campeonato, rescindir contratos, fechar os estádios ?. Não, nada disso, basta criar uma LIGA independente.