NÃO VAMOS ENTREGAR O JOGO

foto: site as.com

Penso que seria ótimo se ninguém estivesse falando nisso. E deveria ser assim, mas esse é o assunto em pauta. E pelo jeito vai rolar até o fim do campeonato. Entre fórmulas absurdas e ridículas, falou-se em deixar para a última rodada os clássicos estaduais. O que daria no mesmo. Não ficaríamos livres de desconfianças. Nós somos assim e não vamos mudar.

Nós, da imprensa esportiva, temos uma responsabilidade muito grande, que nem todos assumem. Podemos formar a opinião pública. É preciso muito cuidado com o que falamos ou escrevemos. O torcedor acredita em malas brancas e pretas. A primeira para estimular a vitória, a segunda para perder o jogo. “Quem recebe para ganhar, recebe para perder”, dizem alguns. Não concordo mas deixa pra lá.

A parte bairrista dos profissionais de mídia, mais de 95% de todos nós, forma sua opinião favorável aos times da sua cidade, seu estado.  É assim. Quero deixar claro que não estou nesse percentual. Vejo uma partida de futebol com absoluta isenção, independente de ser ou não um time do Rio ou o clube de minha preferência, no caso o Flamengo. Não escondo. É assim que trabalho.

Todos nós torcemos por um clube. Mas não podemos distorcer os fatos. Há uma diferença gigantesca entre uma coisa e outra. Um grande exemplo de isenção profissional foi o saudoso e fantástico locutor Jorge Curi, fanático torcedor do Flamengo e da seleção brasileira, que naquela época era do povo, valia a pena torcer por ela.

Curi fazia de qualquer jogo do seu clube uma final de copa do mundo. Flamengo x São Cristóvão merecia o mesmo tratamento que ele deu à final de 1970 quando o time de Zagallo goleou a Itália, na final, conquistando o tricampeonato mundial. Um excelente modelo profissional. Há outros, é verdade, mas muito poucos. Tanto no rádio quanto nos jornais ou televisão.

Ou acreditamos na honestidade dos árbitros ou não. Esse é um problema crônico mundial. Recentemente, o alemão Howard Webb, que apitou a final da copa do mundo na África do Sul, trabalhou  no jogo do Real Madrid contra o Milan, em San Siro e foi muito mal. O segundo gol italiano foi confirmado com Inzaghi muito à frente de Marcelo, último homem antes de Casillas. Fora outros erros grosseiros, em questões de disciplina. No lugar de cartão vermelho para Gattuso, deu-lhe carta branca para bater.

Não agüento mais ouvir falar em “esquemas”, “Malaquias”, “entrega de jogo”. Há três anos dizem a mesma coisa do São Paulo. Impossível um time ser tricampeão ajudado por esquemas. Ou eles são feitos por verdadeiros gênios ou os outros são muito incompetentes. Prefiro ficar com a segunda hipótese. O Corinthians é a bola da vez.  Nesse caso, prefiro ficar com a falta de criatividade dessa parte da imprensa que abastece esse tema absurdo. Quando vamos parar com isso ?

No domingo passado, vimos a final da Fórmula 1. O espanhol Fernando Alonso deixou de ser o campeão da temporada por causa do russo Vitaly Petrov que o segurou no meio do grid após a primeira parada nos boxes. Durante a prova, o piloto da Ferrari chegou a reclamar da agressividade do piloto da Renault ao defender sua posição na prova.

Petrov declarou que chegou a pensar em deixar Alondo passar mas lembrou-se da final da temporada passada, quando Vettel quase impediu a vitória de Hamilton, que só ganhou o título porque Timo Glock saiu da pista e o inglês conseguiu os pontos suficientes para derrotar Felipe Massa que estava quase campeão.

Petrov é um bom exemplo. Fez a parte dele, como deve ser. “Ele não me atacou de verdade, a não ser uma única vez e eu sabia que ele não me passaria se eu não cometesse nenhum erro. O circuito de Abu Dabi não permite muitas ultrapassagens”, disse o russo, referindo-se a Alonso. Sabemos que a Fórmula 1 não serve de modelo ético. É verdade. Mas que o exemplo de Petrov sirva de modelo para todos nós.

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