Preocupado com os jogos da Champions – enfrenta o Galatasaray nas quartas-de final – o técnico José Mourinho tirou vários titulares e mandou ao gramado do estádio Santiago Bernabéu um time misto para poupar alguns jogadores. O Mallorca, apesar de ter vencido seus três últimos jogos ocupava a penúltima posição na classificação da Liga das Estrelas, aparentemente presa fácil.
Mais de 61 mil torcedores e turistas encheram o mítico estádio da capital espanhola para assistir outra vitória fácil dos brancos. Viram, para surpresa geral, um primeiro tempo muito complicado, com o Real sofrendo o primeiro gol logo aos 6 minutos, de Nsue, de cabeça. Aos 15 minutos o argentino Gonzalo Higuaín empatou, recebendo livre, sem goleiro, um passe do zagueiro Pepe, improvisado como volante. Parecia o inicio de mais uma “remontada” (virada).
Parecia. Aos 21 minutos, novamente de cabeça, o Mallorca foi à rede de Diego López, um grande substituto do capitão Casillas, que deverá voltar em 10 dias. Nova falha da defesa, que jogava com Arbelo, Varane, Sergio Ramos e Coentrão. Pepe, na proteção aos defensores não rende igual. Assim, com dois gols de cabeça, o grande problema de Mourinho, o time foi para o vestiário, enquanto Özil e Benzema aqueciam sob o frio de 9 graus.
Porém, quem tem Mourinho tem tudo. Uma mexida em cada setor defensivo e o time voltou completamente diferente para o segundo tempo. O técnico português conhece muito futebol. Sacou Arbeloa e Morata, nulos em campo, não fizeram rigorosamente nada em 45 minutos. Özil entrou no lugar do lateral, Pepe foi para zaga, ao lado de Varane, Sergio Ramos e Coentrão, Morata saiu para Benzema, que foi para a direita e Özil completou o meio de campo.
Kaká, que fez boa partida, correndo muito, porém errado, passou a cadenciar suas jogadas, o time conseguiu abrir espaços para Benzema, Higuaín e Cristiano Ronaldo, um trio infernal. Há quem diga que não se pode jogar com três atacantes. Mourinho pode, porque sabe como fazê-lo, é o melhor. Mais livre de marcação Modric passou a comandar o time, ele que fizera um excelente primeiro tempo, o melhor do time, começou a mudar a forma de jogar do Real.
O segundo tempo branco foi avassalador. Em sete minutos o time marcou três gols e decidiu a vitória, comandados pelo sérvio, que cresceu mais ainda e tocou a banda como quis. É um baita jogador. CR7 marcou, de cabeça, aos 5 minutos, Modric fez o segundo aos 9 minutos, um chutaço de fora da área, Higuaín completou aos 12 minutos, para delírio do grande público, dificilmente inferior a 60 mil pagantes. É um gigante que nunca se rende.
Kaká deixou o campo muito aplaudido, para a entrada de Xabi Alonso, um maestro no Real Madrid e na seleção campeã do mundo. Poupado para os jogos contra o Galatasaray, entrou na sua posição e passou a distribuir o jogo, como grande jogador que é. Modric continuava se movimentando por todos os lados, Higuaín cresceu muito e acabou dando um presente para Benzema esquecer a multa de 8.000 euros por dirigir a mais de 190 quilometros por hora numa estrada de Madrid.
O Real Madrid completou 18 jogos de invencibilidade, com 14 vitórias e 1 empate jogando em casa, pela Liga das Estrelas. Vai disputar a final da Copa do Rei, em maio, contra o Atlético de Madrid e definir vaga para a semifinal da Liga dos Campeões da Europa, em busca do décimo título, “La décima”, com dizem os merengues. Fez um dos piores começos de temporada de todos os tempos, perdendo a Liga nas primeiras rodadas, para times pequenos. Hoje a diferença de 10 pontos para o líder – virtual campeão – que tem um jogo a menos, é o que menos importa.
