ME ENGANA QUE EU GOSTO (2)

É sempre bom ver partidas de times europeus, onde se joga o melhor futebol do  mundo, inclusive por brasileiros. Jorginho estava em campo com a camisa da Itália, um dos melhores em campo, defendendo os tetracampeões do mundo. Havia expectativa de um jogo difícil, criada pela “imaginação” da mídia que tem os direitos de transmissão. O que aconteceu foi, mais uma vez, um desfile de clichês, os mais absurdos, que se ouve em todas as transmissões de um canal que a gente paga pra ver, quando deveria receber. Coisas do monopólio. Lá, praticam o bolerês”, uma praga que se alastra a cada jogo. Começou com a escalação da Turquia, “um time muito bom defensivamente”, disseram, imagina se não fôsse, escalado “no 4-1-4-1” sistema inventado por um analista do Google, com seus números de fazer inveja a Malba Taham. Foi dar a saída e os turcos entraram em campo com a formação que tive o trabalho de checar a cada mudança de posse. Um perfeito 5-3-2 defensivamente, com Celik (2), Demiral (3), Ozan (6), Çaglar (4) e Umut (13); Yazici (11), Karaman (9) e Okay (5); e Calhanoglu (10) e Yilmar (17), que recuava e revezava com Yazici (11), variando para 3-5-2, com o avanço dos laterais Celik e Umut e Yazici se juntando a Yilmar, no ataque. Um show de disciplina, mais uma vez, com poucas faltas, jogadores rolando em campo com as mãos no rosto nem pensar, só quando existia o contato, muito menos dando “blitz” no árbitro Danny Makkele, policial holandês, muito acima do padrão brasileiro. O resto, um “circo dos horrores”, comum nas transmissões de alguns canais que a gente paga pra ver e nem sempre consegue. Uma mistura de politicamente correto com frases feitas e repetidas à exaustão, cansando e irritando quem não suporta tanta pieguice. Foi o que restou no momento em que desportistas homenagearam Januário de Oliveira, que nos deixou para se tornar lenda. O desfile começa com a “arbitragem”, antes conhecido como árbitro. Não é mais o árbitro que apita, é a arbitragem. Seus auxiliares, conhecidos no passado como “bandeirinhas” ou auxiliares, também viraram arbitragem. “A arbitragem está entrando e campo”, disse alguém, eufórico. O campo é plano mas essa gente descobriu o jogador “vertical”, que na verdade é uma linha perpendicular à horizontal. Seria um jogador foguete ?  Como “subir as linhas”, se o campo é plano, não tem morros ? Anda pela praça o “jogador de beirada”, muito exigido, por sinal, está em todos os jogos, tentando cruzar para o atacante “espetado” na área. Pensei que estavam narrando um churrasco, quando a bola bateu na “buchecha da rede”. Foi assim que ex-jogadores – grande parte não sabe falar – tomaram o lugar de profissionais formados e capacitados, caso de Denis Menezes, Monstro criativo das comunicações, fica fora, dando lugar a anomalias como Casagrande, fruto do sistema que o sustenta. Não sou contra, desde que se preparem. O Capitão Hidalgo (Paraná) e Junior são exceção (há outros poucos) que nos permite sonhar com dias melhores. Menos mal que no terceiro jogo do dia entraram em campo o criativo Milton Leite, o melhor da TV, disparado, Mauricio Noriega (muito bom, fala português) e Ricardinho (muito bom, também fala português). Aí foi uma delícia.

Foto: Calciopolis

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