Tenho
Ele prefere uma imprensa serviçal, subserviente, dependente, bajuladora. A propósito, tenho acompanhado desde a abertura da copa das confederações, a mesa redonda da ESPN, à noite, Linha de Passe, de excelente qualidade, ótimos profissionais, do jeito que eu gosto, inclusive o velho companheiro do meu inicio de carreira, cobrindo o América, José Trajano. É um time excelente, grandes profissionais, um programa para quem quer ouvir o que está acontecendo, não o que querem que eles digam.
Não é só Daniel Alves. Quase todos os profissionais do futebol têm esse defeito. Você passa vinte anos dizendo que o sujeito é o melhor do mundo. Quando disser que jogou mal um dia, ele diz que você quer prejudicá-lo, f … a carreira dele. Por sinal, esse é o verbo mais usado. Claro, produto do despreparo, pouca cultura, bajulação, falta de orientação. Largam a escola muito cedo, ficam milionários prematuramente, há muita fartura de marias chuteiras, enfim, querer mais o que ?
Gosto do Mauro Cezar, por sinal de Niteroi, mas discordo de uma de suas opiniões – um direito dele, claro – quando diz que a imprensa espanhola é mais torcedora que a brasileira. Torcem, sim, Mauro, chutam, gritam por seus times e, principalmente pela seleção. Por ela, até certo ponto justificável para quem saiu de uma fila de muitas décadas para se tornar a melhor do mundo, em tão pouco tempo. Esse orgulho eles não disfarçam, com inteira razão.
Por outro ponto, concordo em todos os graus e gêneros com Mauro quando ele diz e repete sempre que pode, que a função do jornalista é informar, não torcer. É um absurdo o que está acontecendo nas transmissões esportivas, principalmente aqui no Rio, nas televisões e rádios. Torcedores profissionais, com honrosas exceções, estão fazendo um papel ridículo, tentando captar audiência, agradar aos patrocinadores e, não duvido, fazer o jogo da CBF. Deprimente.
É uma bandeira que utilizo há muito tempo. Aprendi com o mestre Waldir Amaral, o maior chefe de equipe que teve o Rio, que dizia para quem se manifestasse além do dever profissional: “lugar de torcedor é na arquibancada”. Cansei de ouvir nosso grande chefe repetir essa frase. Infelizmente os tempos mudaram, o futebol carioca faliu, as transmissões estão insuportáveis, salvam-se poucos remanescentes do período de ouro do rádio carioca. Triste fim.
O problema não é torcer, nem ser obrigado a torcer pelo Flamengo, Corinthians ou mesmo pela seleção brasileira. Não escondo de ninguém que torço e acompanho o Real Madrid sempre que posso. E tenho grande admiração pelo futebol que pratica hoje a seleção de Del Bosque, como o Barcelona. Isso é uma coisa, e não me preocupo com o que pensam. É um direito meu. Torço para quem eu quiser. Mas sei separar as coisas. Disso eu não abro mão.