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Não podemos – por estarmos cometendo um grave erro de avaliação – dizer que houve uma fatalidade. Longe disso. Procurar culpados é uma prática comum na grande mídia, que precisa aproveitar a tragédia para, dela, tirar proveito. Isso também deveria ser visto como crime, desde que ficasse caracterizado a falta de responsabilidade daqueles que escrevem, comentam ou falam do assunto a sua maneira, sem o mérito devido. Nisso ninguém mexe. Na verdade tem medo.
O que se vê é a busca desesperada para encontrar um culpado. Li e ouvi tudo sobre o caso. Uns culpam a Confederação Sul-Americana, seu presidente vitalício Nicolas Leóz e seus dirigentes. Como se fosse o primeiro caso de total falta de preparo, organização e isenção daquela entidade. O que aconteceu, qual foi o resultado da apuração da mídia sobre o caso do São Paulo, declarado campeão em campo – o que não poderia ter acontecido – sem que a súmula do árbitro fosse a julgamento ? Por que era o São Paulo ninguém gritou. Péssimo exemplo de como fazer jornalismo. Calaram-se.
Sou contra responsabilizar qualquer clube por atos de seus torcedores. Acho isso um absurdo. Ou então puna-se com rigor, principalmente fora do seu estádio. Afastem o time – seja quem for – da competição por três anos e estamos conversados. Aí, sim, o clube será devidamente apenado. Fechar os portões é tirar o sofá da sala, ter medo de impor sansões na medida da falta cometida. Houve uma morte, de um menino cujo erro foi estar no lugar errado, embora tivesse todo o direito de estar ali.
Não me cabe dizer que tipo de punição deveria ser aplicado ao Corinthians. Já disse, é muito arriscado responsabilizar o clube por um ato isolado de um torcedor. Que busquem o assassino do jovem Kevin e o façam apodrecer nas piores masmorras onde elas existirem. Criminoso tem que ser tratado dessa forma. A dor da família Espada não se pode medir, a cicatriz no coração de cada um jamais será cicatrizada e o responsável por tudo isso poderá voltar a outro estádio e fazer novas vítimas. E Nicolas Leóz continuará passivamente em sua cadeira, como Ricardo Teixeira estaria até hoje na CBF não fosse a atuação de um jornalista inglês.