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Esse período compreende o ocaso da carreira de Garrincha, o apogeu de Pelé, a geração de Zico até os dias atuais. Vimos e entrevistamos essas feras e em alguns casos o contato foi mantido, embora os encontros aconteçam em períodos mais longos. Nem por isso menos prezerosos.
Foi assim em 2004, quando eu estava na assessoria de imprensa do Flamengo. O reencontro com Ricardo Gomes, já técnico consagrado e respeitado por tudo que plantou. Colhia, com sua postura e talento, os frutos de um trabalho iniciado na França, onde desfruta de grande prestígio.
Foi um período profícuo, de grande aprendizado. Mais que isso, importante conviver diariamente com uma pessoa educada, culta, simples, que supera o dia a dia frenético de um treinador de futebol com a postura de um sábio e a doçura de uma ninfa.
Talvez – não sou capacitado a fazer tal julgamento – Ricardo não tenha exatamente o perfil para trabalhar nesse mundo de podridão que é o futebol brasileiro. Lugar de espertos e malandros, para quem o caminho mais curto determina uma desigualdade brutal, faz a diferença.
Poucas são as pessoas de bem que sobrevivem a esse lodo. Raros são os que não escorregam na lama da cretinice desenfreada. Ricardo é de outra cepa e vai voltar. Com a força dos heróis da mitologia. Com a altivez dos homens de bem. Para nossa alegria.