ESQUEMA PARA AJUDAR O FLUMINENSE

Torcida tricolor vai exigir a Taça na volta olímpica

É o que a imprensa de São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul está dizendo. É um assunto que estou bem à vontade para analisar. Há doze anos falo no programa “Bola em Jogo”, todos os domingos na radio Tupi, líder absoluto de audiência, de meio dia às 15 horas. Um massacre no horário. É um bairrismo inaceitável, principalmente para quem tem a obrigação de bem informar e, mais que isso, formar opiniões. Não é esse o papel da imprensa, de nenhum estado.

Defendi, e vou continuar defendendo que é impossível um time como o São Paulo ser três vezes campeão brasileiro, em sequencia, com ajuda da arbitragem. Só gênios pra encontrar essa fórmula, e não conheço nenhum cartola com essa qualidade no futebol brasileiro. Depois veio o título do Corinthians, também contestado, com a alegação de ajuda externa. Também fui contra esse posicionamento. Agora, o Fluminense com as duas mãos na taça começam os questionamentos. Com razão.

O Flamengo foi “ajudado” com um toque de braço no passe para o gol de Liedson. Abafaram. O Fluminense teve um penalty, muito parecido com o lance do artilheiro do Flamengo, não marcado, mas assinalado a favor do tricolor. Vale a pergunta: se fosse contra o Fluminense ele daria ? O gol da vitória do líder do campeonato surgiu de uma falta invertida, feita pelo time carioca e marcada contra os paulistas. E daí, pergunto.

Isso caracteriza complô, armação para dar o título ao Fluminense ? Não perco tempo em discutir essa pantomima porque não faço parte desse tipo de jornalismo. Detesto bairrismo e tenho orgulho de exercer minha profissão com independência e isenção. Não sei se todos podem dizer o mesmo. Não vivo de venda de jornal nem de anuncio em televisão. Trabalho numa empresa onde comecei e pretendo terminar minha carreira. Nunca me disseram – em 18 anos de Tupi, em três passagens – o que deveria ou não falar.

Abel formou um time forte para conquistar o tetra 

Paulistas, mineiros e gaúchos tem toda a razão em reclamar de uma série de coincidências que vem acontecendo, em quase todos os jogos do campeonato. Não é a favor do Fluminense e nem começou agora. Ou já esqueceram a desastrosa arbitragem de Marcio Rezende de Freitas na decisão de 1995, Botafogo x Santos ? Lembram de Vasco x Cruzeiro, transferido inexplicavelmente do Mineirão para o Maracanã e o gol anulado de Zé Carlos, por Armando Marques, sem nenhuma explicação ? Preciso lembrar Atlético Mineiro x Flamengo, quando o José Roberto Wright expulsou cinco jogadores do Galo ? A fila é grande. E anda.

Todos os árbitros citados são pessoas honestas – conheço todos eles – grandes árbitros, mas erraram, estavam num dia infeliz, como acontece a qualquer um de nós. Wright, amigo querido, que considero o maior árbitro brasileiro que vi atuar, cometeu outros erros graves, que vejo como acidente de percurso. Nem que provem, eu acreditaria na participação de nenhum deles em armações para construir resultados.

Não vou mudar opinião agora. Mantenho minha linha profissional. Abomino essa insinuação de que o Fluminense está sendo beneficiado pelos árbitros. Como fiz quando inventaram “armação” para o São Paulo e o Corinthians serem campeões. A verdade é que nossos árbitros são ruins – com raríssimas exceções – não tem apoio da CBF, que hoje é refém da televisão, nem são analisados como deveriam – sem paixão – por grande parte da imprensa, preocupada em agradar os torcedores. A televisão narra para a “praça”, claro.

Dito isso, fui bem claro, volto ao assunto, que escrevei aqui quando faltavam 10 rodadas. O Fluminense será o campeão e está falado. Que nem Mario Vianna. Fechando, faço um alerta ao presidente Peter Siemsen. Não permita que o seu time dê a volta olímpica com sua torcida, sem a Taça. Ela é o símbolo maior da conquista, precisa ser exibida, beijada, reverenciada e não tem sido assim nos últimos campeonatos. A torcida exige a entrega do troféu em campo, sendo erguido pelo capitão do time como resultado final de uma temporada de trabalho. Como é feito em todos os campeonatos do mundo.