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Sobre o momento atual do futebol alemão: “Estamos trabalhando com garotos de 12, 13 anos e passando a eles uma filosofia de trabalho a médio e longo prazo. Ali eles aprendem a jogar individual e coletivamente, usar a velocidade com técnica. Quem não fizer isso vai ficar para trás. Hoje temos o melhor campeonato do mundo. Não temos clubes comprados por árabes ou russos. Os clubes se organizaram e hoje 40% do público são mulheres e as crianças também vão. Nosso campeonato é o mais rentável do mundo, os estádios estão sempre cheios.
Breitner negou ser observador do Bayern: Viajo o mundo com um projeto para crianças, que temos em muitos países, como China, India, agora estamos no Brasil. Fazemos um torneio estre meninos e os vencedores fazem um período de observação no clube. Sou um embaixador do Bayern, não indico jogadores. Lá o treinador não indica e o cara é contratado. Tem que passar pela aprovação de uma comissão para ser aprovado, a coisa é muito séria. Hoje o futebol é negócio, quem fugir disso está remando contra a maré. Tem que ser profissional em todos os sentidos. O Bayern é hoje um time bem estruturado, como o Real Madrid. Os jogadores recebem salários todo dia 1º, não há atraso.
A indicação de Pep Guardiola para a seleção brasileira seria um fracasso: Uma loucura quem pensou nisso. Não daria certo nunca. Vocês reunem a seleção duas vezes por mês, para fazer experiências. Pep poderia, sim, treinar a seleção brasileira, não com esse perfil atual, sem planejamento, metodologia. Ele é técnico para grandes projetos, coisa organizada, para a frente. Ridículo pensar nisso, ele não serviria para esse tipo de trabalho.
A ida dele para o Bayern foi uma coisa pensada e vai dar certo: Ele foi para o Bayern porque conhece nossa estrutura, organização. Trabalhamos com um elenco de 20, 22 jogadores e quem não fizer assim não vai ganhar nada. Não adianta ter 12, 13 jogadores que não vai a lugar algum com a dinâmica de hoje, competições longas, temporadas difíceis.
Breitner mostrou alguns erros cometidos no futebol brasileiro: O Brasil precisa trabalhar velocidade. Hoje não adianta apenas saber jogar, ter grandes jogadores. O futebol evoluiu, está mais dinâmico, não para. Não se ganha mais jogos com o nome, camisa. Outra coisa incrível é o tipo de grama que vocês usam por aqui. Essa grama não presta. A bola ganha velocidade, não quica direito, o jogador não sabe para onde ela vai. Não existe nenhum campo na Europa com esse tipo de grama.
A Alemanha vem como favorita para a copa do mundo, segundo Breitner: A Alemanha dormiu depois de 2002, achando que não precisava mudar, evoluir, quando veio a mudança, o divisor de águas, em 2004. Percebemos que teríamos que mudar muita coisa. E mudamos muita coisa e hoje o futebol alemão está forte novamente, competitivo. Vamos desembarcar no Brasil como uma das favoritas, com certeza. Com o Brasil foi a mesma coisa. Achou que era o melhor do mundo e dormiu, como nós, enquanto os outros países se preparavam para as mudanças que viriam.
Para Breitner quem mais evoluiu nesse sentido foi a Espanha: O melhor exemplo dessa transformação é a Espanha, o país que melhor se preparou para essa evolução. Passaram a trabalhar as divisões de base e hoje são campeões em quase todas as idades. Além disso têm a melhor seleção do mundo, o melhor time do mundo e vem como favorita para ser bicampeã mundial no Brasil.
A melhor seleção alemã e o convite oficial para ser o seu treinador: A melhor seleção alemã de todos os tempos foi a de 1972. Depois ganhamos a copa de 1974 mas não tínhamos o melhor time. Era muito bom mas não o melhor, que era a Polonia, excelente seleção, que poderia ter sido campeã se não tivesse ficado no meio do caminho (Perdeu para a Alemanha por 1×0 e ganhou do Brasil por 1×0 na decisão do terceiro lugar). Nosso favoritismo era acima de 70% entre críticos e apostadores. Depois fui convidado para dirigir a nossa seleção mas o vice-presidente da Federação votou contra e não assumi. Mas fui convidado, sim.
Para Breitner, Neymar precisa sair do Brasil para mostrar que é craque: Neymar precisa jogar contra Rooney, Ribéry, Cristiano Ronaldo para mostrar que é craque. Jogando somente no Brasil não será reconhecido nunca, haverá sempre essa dúvida quanto às suas qualidades de verdadeiro craque. Tem que sair, mesmo que não seja agora, ele ainda é muito novo, tem apenas 23 anos (21, corrigiram na mesa) mas para se consagrar tem que jogar na Europa, tem que caminhar. O Messi não seria o mesmo jogador se estivesse jogando na Argentina. Na Espanha ele cresceu em todos os sentidos e hoje ninguém pode duvidar de sua condição de craque absoluto, melhor do mundo.
O melhor time que Breitner viu jogar: Foi a seleção brasileira de 1970.
Parabens amigo, bela entrevista…recordar é viver…
Parabéns pela reportagem…como sou colecionador de bolas originais e profissionais…tenho uma bola com o nome dele… um amigo da Alemanha me presentiou …ok
AURI