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Como eu, Edinho, Pintinho, Cléber, Rubens Galaxe, Abel Braga, Nielsen e Marinho, entre tantos, formados nas Laranjeiras desde os infantis por Pinheiro, Telê, Zezé Moreira, Célio de Barros, Sebastião Araújo, Pindaro e Roberto Alvarenga, recebemos lições de duas cartilhas: a da bola e da ética esportiva. Deixamos nossas casas no interior e nos alojamos nas concentrações da Urca e da Rua das Laranjeiras, mas eles anexaram os valores da família, e dos nossos colégios, nas aulas de futebol que deram para a gente. Vencer, sim, se possível, respeitar o adversário, sempre, era a regra numero um do nosso manual. O Fluminense era a Universidade da disciplina. Saímos de lá cheios de títulos, faixas, troféus e medalhas que guardamos com carinho, mas nossa formação cidadã foi o melhor que carregamos dali. Para o resto de nossas vidas.
Passamos o domingo com a calculadora nas mãos. Diante de tantas possibilidades de ascensão e queda em função de uma bolinha surgida na tela, vi, por segundos, nossa insegura arbitragem apontar a marca do Penalty quando Nenê foi deslocado dentro da área. Se marcasse e fosse convertida, o Vasco permaneceria na primeira divisão. Mas no mesmo instante, em Florianópolis, o residente zagueiro Artur para infantilmente em uma jogada de contra ataque. Como ultimo homem, vai aprender na vida que primeiro o zagueiro marca, depois imagina que o que deveria ser marcado precisará do aval de um áudio para ser consumado. Tem apito em campo, só ele dá para e siga a uma jogada. Daí o Marcão, mais experiente e rodado que os quatro improtetores juntos, entra na cara de um goleiro reserva, o Julio César, com as mãos tão esticadas como a de um golfinho, e garante a vaga para o time da casa, retirando as ultimas chances vascaínas.
Sou um eterno otimista. Depois de tantos escândalos e denúncias de corrupção jamais divulgadas e punidas, seremos certamente um país melhor em 2016. Mas quando Sergio Moro, Rodrigo Janot, O Ministério Público e a Polícia Federal vão direcionar sua justiça para o futebol? O que o Fluminense fez domingo com o Vasco Eduardo Cunha fez na política. Se o deputado não declarou suas contas em um paraíso fiscal, os cartolas tricolores precisam ser detidos por enviarem ao vivo, a um paraíso imoral, exemplos que ferem nosso orgulho. De ser cidadão brasileiro e torcedor tricolor. Pois pior que as poças que impediram o meio campo vascaíno de jogar, foi o mar de lama em que Eduardo Baptista, Mario Bittencourt e Peter Siemsen afundaram domingo nossa bonita e respeitada história.
José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.