E VÃO FAZER COPA DO MUNDO

Li, estarrecido, que Gerson, o canhotinha de ouro, não teve um pedido seu atendido, no Fluminense. Liguei pra ele, já um tanto conformado, e fiquei sabendo a história, que retrata o atual estágio do futebol que se pratica no Brasil F.C. A camisa tricolor foi levada por um repórter da Transamerica, onde Gerson trabalha, para ser autografada pelos jogadores.

Alguns dias depois foi devolvida, com uma assinatura, do lateral Carlinhos, a quem foi feito o agradecimento. Eu, presidente do clube, demitiria toda a assessoria de imprensa, responsável pelo pedido, levaria os jogadores, poria todos numa fila, no gramado, debaixo de sol, e exigiria que assinassem. O mínimo que se poderia fazer no clube – bem como no Flamengo, Botafogo, São Paulo ou na seleção brasileira – por quem só fez uma coisa com a bola: arte. Imagina isso acontecendo no Real Madrid, Barcelona, Bayern, se Dom Alfredo Di Stéfano, Evaristo ou Beckenbauer fizesse idêntico pedido ?

O presidente do clube levaria os jogadores ao salão nobre e seria feita uma grande homenagem, com bandeira hasteada, hino e tapete vermelho. E todos se sentiriam honrados com isso. Uma das diferenças, fora de campo. Dentro nem preciso falar.

One thought on “E VÃO FAZER COPA DO MUNDO

  1. Caro Iata, meu ídolo Gerson
    Seu legado, canhota, é tão intenso que ofusca cada obscura criatura que assume um time da história do nosso Flu sem conhecer a própria história. Quando você parou, em 1974, estava ao seu lado aprendendo sua liderança, já que aqueles lançamentos de 50 metros só em sonhos. Mas se serve de consolo, sexta passada fui com o Afonsinho gravar pro Canal Futura uma reportagem sobre esporte e ditadura. Levei meu filho Bruno, advogado, que logo na entrada não encontrou meu nome nos azulejos homenageando alguns jogadoes. Todos que jogaram na máquina estavam lá, menos o meu. No novo salão de troféus, até na foto do campeão de 75, onde fui titular, encontraram uma com o PC no meu lugar e estamparam. Foi como se meus 8 anos de casa (5 títulos) fossem completamente apagados. Dizem que foi pelos meus livros, minha pregação contra os cartolas. Tudo bem. Mas que é duro apagarem teu passado, não assinaram tua camisa quanto deveriam reverenciá-la, isto é. Mas até na ingratidão, na injustiça, fico orgulhoso de estar ao seu lado, e não do lado deles. Abraços do seu amigo Zé Roberto

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