O futebol e o povo brasileiro nos desapontam a cada deslocamento do ar ou ao bater de asas de um pardal. Ambos impressionam pela volubilidade. Confesso que nada mais me surpreende nesse mundo da bola. Nem a demissão dos técnicos do Fluminense e Vasco em menos de 24 horas, a sete rodadas do fim do campeonato brasileiro, tampouco a badalação em torno de Diego Costa, que preferiu vestir a Roja no lugar da Amarela.
Qual é o problema do rapaz, que tem cidadania espanhola escolher sua “segunda pátria”, que lhe acolheu e deu-lhe condições de conseguir um bom emprego, uma vida decente, honesta ? Ora, o Brasil não está precisando desse tipo de patriotismo idiota, fora de moda, cafona, brega. Por que esse ufanismo exacerbado agora, depois que o técnico Vicente Del Bosque declarou que iria convocá-lo para os próximos amistosos da seleção campeã do mundo e bicampeã da Europa ?
Diego da Silva Costa deixou Lagardo, em Sergipe, ainda moleque para tentar a sorte na Europa, como fazem milhares de meninos pobres por esse país afora. Rodou muito até chegar a Madrid, em 2007, depois de boa passagem pelo Sporting de Braga. Andou garimpando por algumas equipes pequenas até assinar contrato com o Valladolid, em 2009, quando fez sua primeira grande temporada.
Voltou ao Atlético em 2010 e foi novamente emprestado, agora ao Rayo Vallecano, da capital espanhola, retornando ao time colchonero em 2012. Fez um grande campeonato na temporada passada, 2012-2013 e este ano marcou o gol da vitória sobre o Real Madrid, dia 28 de setembro, quebrando um jejum de 14 anos que o Atlético não vencia o time de Cristiano Ronaldo, jogando em casa.
Uma ascensão meteórica que o levou a condição de provável convocado para resolver o problema da camisa 9 da seleção da Espanha. De repente despertou o interesse do técnico Luis Felipe Scolari e de grande parte da mídia, cansada de tentar convencer a si própria que o campeonato espanhol é o pior do mundo, disputado com apenas “dois times” que, postos no campeonato brasileiro, seria disputado o terceiro lugar, todos os anos.
Como está descreditada, até porque a ESPN mostra há sete anos a Liga BBVA, e não convence a mais ninguém, com essa historinha medíocre, sem nenhuma sustentação, “inventou” a falta de patriotismo de Diego Costa que, em dois anos virou a salvação da seleção brasileira. Já temos um culpado, se houver o segundo “maracanazzo”, o menino pobre de Lagarto. Que tal incluir nas próximas passeatas uma faixa para Diego ? “TRAIDOR DA PÁTRIA”. Êita povinho, ainda acredita nessa imprensa ridícula.
