DEPENDÊNCIA DO CRAQUE É ANTIGA NO FUTEBOL

A dependência de determinado jogador não apareceu agora. Falam como se tivesse surgido com o Barcelona de Messi o que não é verdade. Não foi pela ausência  do maior jogador do mundo que os culés foram eliminados da Liga dos Campeões, pelo Bayern, que fará a final alemã com o Borussia. Não será a primeira vez que isso acontece no melhor torneio do mundo, super bem organizado pela Uefa, que dá banho de estrutura na Fifa, entidade sob suspeita há muitos anos. Mas isso é outra história que pouca gente tem coragem de contar e não é o nosso foco, por enquanto.

Os grandes times e seleções sofreram com a ausência de seu grande jogador ou líder. Há casos raros de superação, por coincidência envolvendo Pelé. Em 1962 o Santos foi campeão mundial, no Maracanã, derrotando o Milan em partida histórica, sem o rei, substituído por Almir. Ganhou porque era um timaço, o melhor do mundo. Como a seleção brasileira, na copa do mundo do Chile, em 1962, quando ficou sem Pelé, substituído por Amarildo que se tornou o grande herói ao marcar os dois gols da virada sobre a Espanha. São casos isolados que servem para avaliar até que pondo um time depende de seu melhor jogador.

Times que marcaram época, foram os melhores do mundo, dependiam muito do seu principal craque. Foi assim com a Argentina de Di Stéfano, depois Maradona, o próprio Bayern de Benckenbauer, o Honved e a seleção húngara de Puskas, o Benfica de Eusébio  o Flamengo de Zico e o Ajax, de Crujiff são alguns bons exemplos. Eram times fabulosos, os melhores, com grande estrutura, ótimos jogadores, mas o supercraque fazia a diferença, como faz o Messi hoje, no Barça.  São períodos, fases, que o Santos teve com Pelé e tem agora com Neymar. Sem ele o time não é o mesmo.

Daí a dizer ou questionar o Barcelona é de uma estupidez sem limite. O time espanhol, que deixou de disputar a final da Liga dos Campeões está passando por um período complicado que vai exigir muita calma para fazer a transição. Primeiro perdeu seu treinador Pep Guardiola, responsável pela montagem do time que assombrou o mundo e continua com mais posse de bola há 303 partidas oficiais. O que não é pouco. Sem falar na coleção de títulos nos últimos quatro anos, sob o comando de Pep.  Nesse período  teve dois de seus jogadores entre os três melhores do mundo.

A seleção espanhola ganhou seu primeiro título mundial com oito jogadores do Barça. Talvez o maior percentual da história das copas. Venceu duas copas da Europa recheada de seus craques, está numa maratona absurda de amistosos, torneios e campeonatos há muito tempo, com o mínimo de espaço para recuperação. Contando ainda as ausências do capitão e líder Carles Puyol, os problemas de saúde de Abidal e os desfalques importantes de Mascherano e Busquets na partida final. Somando a tudo isso um indisfarçável fastio de bola, podemos crer que o futuro do Barcelona merece uma atenção especial, imediata.

Nada disso, entretanto, tira o mérito do Bayern, que poderia derrotar os espanhóis em qualquer situação. Como o Borussia, o time de Munique apresenta uma nova forma de jogar futebol, que poderá fazer frente – e somente assim conseguirá êxito – ao que apresenta o Barcelona, com seu futebol de toques, posse de bola, categoria indiscutível e muito talento. Isso é muito bom para quem gosta de futebol, o aparecimento de um novo modelo de jogar. A final da Liga com dois times elemães não é coincidência. Aliás, Paulo Breitner disse isso na histórica entrevista no “Bola da Vez”, da ESPN, que nos tem brindado com transmissões maravilhosas no melhor torneio de futebol do mundo. A final, dia 25, poderá ser vista nos cinemas, vale a dica.  E uma citação a Sorin, ex-lateral do Cruzeiro, dando banho de comentários.

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