Não sei se falo por todos os ex-atletas, mas pelo menos sou porta-voz daqueles com que convivo alguns finais de semana, em jogos de futebol máster pelo país. E que não são poucos. Após nossa saída de cena, geralmente aos 35 anos de idade, pois assinamos nosso primeiro contrato com 20 e o tempo médio de sobrevivência de um atleta profissional de futebol é de 15 anos, temos muito poucas opções no mercado de trabalho. Fora ser treinador, que é mais difícil, pois se como atleta você briga por 26 vagas no elenco, para ser técnico existe apenas uma disponível por clube, só nos resta participar de competições máster para ganhar, em média, 300 reais por semana. Quando começamos nossa carreira, imaginávamos que ela seria amparada e respeitada como as outras,especialmente no que tange a aposentadoria. Mas quando paramos, descobrimos que precisamos buscar no mercado de trabalho, onde ninguém nos preparou para enfrentá-lo, mais quinze anos de carteira assinada. Mesmo diante da violência própria do esporte, dos finais-de-semana que passamos concentrados depois de uma semana de trabalho árduo, das viagens e do convívio diário com a incompetência dos cartolas, não há insalubridade, periculosidade que nos abrigue. Ou proteja. Há algum tempo convidaram-me para jogar no Máster do Fluminense. Como sou exceção, oriundo de uma classe média que possibilitou-me estudar, ainda consigo emprego, estudo e estou formando-me em jornalismo. Depois de alguns jogos, porém, os convites sumiram. Fui saber com o responsável pelo nosso time, se estava jogando tão mal assim. E ele respondeu: segunda-feira o telefone não para com ex-atletas pedindo para não deixar de chamá-los pro próximo jogo. Se para mim era prazer e matar saudades dos amigos que há muito não via, pois moro em Três Rios, para muitos era pura sobrevivência. A única fonte de renda era a cota do final-de-semana, que pagava o mercado, a feira, o colégio das crianças. Não há neste país, fora aqueles que deram um jeitinho com o amigo médico do clube e se aposentaram por “invalidez”, ex-atleta de futebol aposentado. Tem sido nos negado, ao longo dos anos, tal direito e respeito. Quando vejo V.Excl. enviar um texto para o congresso nacional que irá dar aos tri-campeões mundiais uma justa aposentadoria e uma premiação, apenas uma parte, mínima do nosso universo será contemplada. A absoluta maioria vai continuar vivendo de pires na mão, procurando um espaço qualquer dentro da sociedade que, em algum momento, lhe idolatrou. Não estou, como campeão mundial sub-20, em Cannes, 1971, pela seleção brasileira, pedindo a extensão dos benefícios para nós, que também honramos o país vencendo nas divisões de base (embora faria justiça premiando Zico, Falcão, também campeões, e outros craques que não repetiram o feito entre os profissionais), mas solicitando que seja também enviado ao congresso um mensagem que possibilite ao atleta profissional de futebol se aposentar após seu tempo de serviço, e não mais fazê-lo vagar para conquistar tempo no serviço alheio. Afinal, se estamos no país do futebol, por que continuar a desrespeitar a nossa maior matéria prima de orgulho, paixão e exportação? José Roberto Lopes Padilha (Zé Roberto) 58 anos, ex-ponta esquerda do Fluminense e do Flamengo
One thought on “CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA”
EXCELENTE MATERIA!!!ESTOU PARADO A 2 ANOS,NAO TENHO MAIS CONDICOES FISICAS DEVIDO VARIAS LESOES,TENHO 29 ANOS E NAO SEI OQ FAZER,O GOVERNO TINHA QUE OLHAR COM MAIS CARINHO AO ATLETA !!!VALEU PELAA MATERIA..
EXCELENTE MATERIA!!!ESTOU PARADO A 2 ANOS,NAO TENHO MAIS CONDICOES FISICAS DEVIDO VARIAS LESOES,TENHO 29 ANOS E NAO SEI OQ FAZER,O GOVERNO TINHA QUE OLHAR COM MAIS CARINHO AO ATLETA !!!VALEU PELAA MATERIA..