BOTAFOGO CAMPEÃO

Osvaldo: talento e tranquilidade fazem um técnico vencedor

Acompanho o campeonato carioca desde 1957, quando o Botafogo foi campeão, derrotando o Fluminense, na final, por 6×2. Um show de Garrincha, gols em pencas de Paulo Valentim, e a batuta do maestro Didi. Uma grande festa no Maracanã, para uma torcida ainda pequena (o time não ganhava um título desde 1948), que começava a crescer exatamente naquela década. Motivada, claro, pelos três grandes ídolos, que seriam, no ano seguinte, vencedores da primeira copa do mundo com a seleção brasileira.  São poucos detalhes, mas as coincidências são muitas.

O Botafogo conquistou seu primeiro título de campeão carioca no Maracanã – sete anos após sua inauguração – dirigido por João Saldanha, que era jornalista, torcedor e conselheiro do clube. Substituiu a Geninho e houve muita discussão quando seu nome foi anunciado, e mantido, pelo supersticioso dirigente Carlito Rocha. O time era fantástico para a época: Adalberto, Tomé e Nilton Santos; Beto, Servílio e Pampolini; Garrincha, Didi, Paulo Valentim, Edson e Quarentinha.

O campeonato foi disputado em dois turnos, por pontos corridos, com 12 clubes e o Botafogo teve 16 vitórias, 4 empates e 2 derrotas. Marcou 64 gols e sofreu 21. Terminou com 36 pontos em 22 jogos, apenas um  a mais que o Fluminense e teve o artilheiro do campeonato, Paulo Valentim, com 22 gols, superando Dida, do Flamengo, na última partida. O campeão perdeu apenas para o Vasco, na 5ª rodada, por 3×0, e para o Fluminense, na 10ª rodada, por 1×0. O campeonato foi organizado pela Federação Metropolitana de Futebol.

O alvinegro voltaria a ser campeão em 1961 e bi em 1962, já com uma grande equipe e uma torcida que não parava de crescer. General Severiano, sede e campo oficiais do Botafogo, lembravam  as convocações da seleção brasileira, exatamente na transição das décadas de 1950 e 1960, não por coincidência quando o Brasil foi campeão mundial de futebol e o clube representado por Garrincha, Didi e Nilton Santos, em 1958, na Suécia, e com quase todo o ataque – exceto Vavá – no segundo título no Chile, com participação de Amarildo, que entrou no lugar de Pelé, machucado.  Era o começo do “Fogão” e “Selefogo”.

Como em 1957, com João Saldanha, o competente técnico Osvaldo Oliveira foi contestado e chamado de “burro”, em algumas partidas. É um conceito – dizem que é “cultura” – que precisa mudar, as pessoas de bom senso cobram isso faz muito tempo. Osvaldo, moço inteligente, conhecedor do assunto e competente, foi levando seu barquinho em meio às tormentas até chegar à praia e ninguém morreu. Teve calma para organizar e mesclar um time com qualidade, ligando craques consagrados e meninos de grande futuro. Esse foi o primeiro título do Botafogo, sem o Maracanã.

Está aí um time para muitos anos. Se não é brilhante como os de antigamente pode-se dizer que o tempo deve se encarregar disso. Pelo menos mostrou organização e competência quando exigido e serenidade do treinador e seus pares, quando era preciso ter calma para resolver os problemas. O título é o resultado final de um trabalho, quase sempre. O torcedor alvinegro tem razões suficientes para desfilar com sua camisa pelas ruas do Rio. Tirar onda e dizer que General Severiano voltou a ser fabrica de jogadores. E comemorar bastante.

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