ÁRBITROS DO RIO ESTÃO SUPER PREPARADOS

Paulo (Roberto da Silva) Barroso, graduado em 1990 pela Universidade Castelo Branco, pós graduado em Metodologia do Ensino Superior na Veiga de Almeida, Pós Graduação em Educação Física Escolar, na Uerj, técnico nível 2 da Federação Internacional de Atletismo Amador, estágio na preparação física do Flamengo, onde foi técnico de atletismo, bem como na  Mangueira e técnico/preparador  físico do time dos artistas, campeão mundial em 2007 e vice em 2009, na Russia. Barroso é o responsável pela preparação física dos árbitros da FERJ e e garante ter o grupo mais bem preparado fisicamente para a temporada 2013.

A Comissão de Arbitragem é dirigida por Jorge Rabello, Sergio Cristiano é o presidente da  Comissão de Ensino, composta por Sergio Santos, João José Loureiro, Jorge Roxo, José Alexandre, Edilson Soares, Messias José Pereira, José Carlos Santiago, todos ex-árbitros, Paulo Barroso é responsável pelo pilar físico, com o professor Eric Salum de Godoi, que faz parte da sua equipe.

O COMEÇO FOI NA PISTA

– Em 1995, quando eu treinava equipes de atletismo, alguns árbitros, por iniciativa própria, apareceram  querendo fazer um trabalho de condicionamento, manter a forma, para melhor desenvolver seu trabalho em campo. Sergio Rabello, hoje presidente da Comissão de Arbitragem da Ferj, Sergio Cristiano, Leo Feldman, Claudio Vinicius Cerdeira, Jorge Travassos, e outros que foram chegando.

AÍ VIROU OFICIAL

– É, o grupo foi aumentando, a responsabilidade também porque reuníamos os melhores árbitros da época a coisa foi ganhando corpo e passamos a fazer um trabalho mais organizado, doutrinado, com planilha de treinamento, mas a gente não tinha nenhum contato com a Federação, que era dirigida pelo Eduardo Viana. Era uma coisa a parte, eles se cotizavam e bancavam os treinamentos.

COM CERTEZA COM MUITAS DIFICULDADES

– Sim, até porque nem sempre a gente podia contar com o Célio de Barros, que era a nossa base, mas treinamos na Lagoa, na praia, até numa reta  gramada perto do aeroporto (Santos Dumont), mas foram poucos momentos. A base do trabalho era feita mesmo no estádio Célio de Barros, cedido pela Suderj.

COMO SURGIU O VÍNCULO COM A FERJ ?

-Em 2007/2008, quando o presidente Rubens Lopes assumiu, ele procurou saber as necessidades de cada setor que trabalhava para a Federação para atingir excelência de qualidade. Quando fui procurado falei sobre a necessidade de dar aos árbitros condições atléticas para poder exercer sua atividade. Para isso era necessário fazer avaliações para saber as condições de cada um. Sem isso não seria possível pensar em bons resultados.  “Quem não for aprovado no teste físico não apita”, foi a senha, o começo de tudo.

A FEDERAÇÃO BANCOU A IDEIA !

– Isso foi publicado no site da Federação e a partir daí o Sindicato (dos árbitros) me contratou, porque não existe esse cargo nos quadros da Federação e foi o começo de tudo. Caímos dentro e passamos a fazer uma renovação no quadro de árbitros, sempre com a orientação, claro, do presidente da Comissão de Arbitragem, Jorge Rabello, que é o grande responsável pela transformação que esse quadro sofreu.  Coincidentemente a Fifa mudou sua forma de avaliação, os árbitros tiveram que se adaptar às novas exigências e houve uma renovação até que hoje a gente tem poucos remanescentes daquela época anterior a 2008 no quadro.

Marcelo de Lima Henrique

VOCÊ TAMBÉM FAZ AVALIAÇÃO DOS ÁRBITROS DA CBF

– Sim, mas a CBF tem um responsável pelo acompanhamento dos árbitros, principalmente aqueles que são do quadro da Fifa, que é o Paulo Camelo. Houve muitas reprovações de árbitros brasileiros em testes para competições internacionais, por isso a contratação do professor Paulo, que conta com o apoio das Federações que, na verdade, é quem fornece a mão de obra para as competições da CBF, caso específico do campeonato brasileiro. Eu faço parte do grupo que aplica os testes para os árbitros nacionais.

O RIO TEM HOJE OS MELHORES ÁRBITROS EM CONDICIONAMENTO

– Sem dúvida. A gente conseguiu conscientizar os árbitros para que esse resultado fosse obtido. Vou dar um exemplo: para ser aprovado, um árbitro precisa fazer 4.000 metros com bônus de fazer o percurso até 4.800. Hoje a gente tem 65% do quadro fazendo esse bônus, que é um resultado relevante no Brasil. Por isso nós temos hoje o melhor resultado em aproveitamento no teste físico.

HÁ MUITA DIFERENÇA PARA O TRABALHO COM O ÁRBITRO FIFA ?

– Sim, temos que destacar a diferença dos testes físicos nos árbitros Fifa e os nacionais. Os Fifa tem que percorrer 150 metros em 30 segundos, com a recuperação de 35 segundos e o ábitro nacional faz o mesmo percurso em 30 segundos com recuperação de 40 segundos, então, a exigência para o arbitro Fifa é muito maior.

ESSE TESTE NÃO É MUITO FORTE ?

– Não posso afirmar 100% (nesse momento Barroso pensa um pouco, parecendo concordar, mas explica) mas na minha ótica, para os árbitros Fifa acho que está dentro dos padrões porque eles vão participar de competições internacionais, que movimentam recursos financeiros muito altos e precisam estar bem preparados para que não haja interferência nas decisões deles nos resultados da competição.

OS NACIONAIS TRABALHAM MENOS ?

– No caso dos árbitros nacionais, que também tem muito dinheiro envolvido, eu acho que a exigência não precisa ser a mesma, porque a dinâmica do futebol brasileiro é diferente do que se pratica na Europa, por exemplo. Enquanto nossos árbitros correm em torno de 8 a 11 quilometros, lá fora eles correm entre 10 e 13 quilômetros, ou seja, aqui se gasta entre 1500 e 2500 calorias, lá eles devem gastar entre 2000, 2700 calorias porque a velocidade dos jogos lá fora é muito alta é muito grande. Acho que adequando-se pelo menos ao tempo de recuperação atende ao nosso campeonato e o árbitro tem que estar treinado se não fica pra trás, não consegue fazer o índice nacional.

OS ÁRBITROS AUXILIARES AJUDAM NA PARTE FÍSICA ?

– Sim, concordo, mas é bom lembrar que o árbitro tem que estar treinado, isso não se discute, a questão é a cobrança que eles sofrem porque não são profissionais. Isso dificulta na planificação do seu trabalho. Outra coisa, contra eles, é que a gente sabe que amanhã (sábado) o Flamengo vai jogar contra o Quissamã, às 17 horas, no Engenhão e o árbitro é escalado hoje (quinta-feira), às 15 horas, ou seja, eu não sei quem apita, como vou fazer a programação sem saber quem vai apitar. Essa é a maior dificuldade para trabalhar com os árbitros, fisicamente.

OS ÁRBITROS AUXILIARES ESTÃO AJUDANDO NESSE ASPECTO ?

– Foi muito boa essa idéia dos árbitros auxiliares porque eles dividem com o árbitro principal que, hoje, tem vinte câmeras observando ele e a Fifa não permite que ele use nenhum aparelho eletrônico para acompanhar. Então, a presença do árbitro adicional está ali pra ver se a bola entrou ou não, se alguém fez gol de mão, e uma grande drama para quem apita é a bola “rebotada”, como costumamos falar, mas que o torcedor desconhece.

O QUE VEM A SER “BOLA REBOTADA ?”

– É aquele rebote da defesa, numa falta, por exemplo, quando ela é lançada na área, vai todo mundo correndo atrás e ela sobra para um jogador fora da área. Nesse momento, o árbitro está perto da bola, onde ele deve ficar sempre, porque a referencia dele é a bola. Um jogador dá um rebote forte, o zagueiro adversário falha e como ele fica, lá atrás ? Aí ele avisa ao auxiliar, “fiquei, acompanha essa jogada que é tua”. Aí ele pega uma diagonal para chegar no lance e o colega fica atento a tudo, inclusive se uma possível falta foi dentro da área, se houve mão, se puxou o adversário, qualquer tipo de ajuda.

O RIO LEVOU VANTAGEM NESSE ASPECTO ?
– Ah, sim, levou vantagem porque vem treinando forte desde 2009, só que do lado oposto e a CBF, a Fifa, entenderam que tem que ser no lado do “bandeira” e tivemos que fazer adaptações agora, na nossa pré-temporada sobre isso.  É muito bom que haja a presença desses dois árbitros  auxiliares ali no gol. Eles dão segurança para que o árbitro tenha mais condições de melhorar seu trabalho, apitar com mais clareza, dialogam pelo rádio, ele vai lá e marca.

A PARADA TÉCNICA VEIO EM BOA HORA !

– Sem dúvida, foi outro grande avanço lançado aqui no Rio, nesse modelo, porque o jogador tem toda uma logística, estrutura, que o árbitro não tem. Houve um caso de assalto a um árbitro, quando saia de casa para apitar um jogo no Maracanã. Ele teve que ir à Delegacia, telefonar pára os colegas que levaram material para ele poder trabalhar. Nesse caso, é importante a presença do técnico de arbitragem, que passa a ele as diretrizes que a comissão determina, apresentando detalhes dos times, jogadores, tudo o que envolve a partida.

POR QUE AS OUTRAS FEDERAÇÕES NÃO FAZEM O MESMO ?

– Não sei, é uma questão política. Política de excelência. O presidente Rubens Lopes  introduziu um trabalho que deu grande resultado, dando todo o apoio ao Jorge Rabello, que comanda a Comissão de Arbitragem com pé no chão, montou uma boa equipe de trabalho e tem todo o respaldo do presidente da Federação. O grupo é muito bom, comprou a idéia e todo mundo ganhou com isso. Ele comparou o trabalho a uma escola de samba, com o seguinte argumento:
“A Federação é uma escola de samba. Bateria 10, administração, 10, pagamento, 10, contratos, 10, estrutura física, arbitragem, 7, perdi o carnaval”, é o que ele costuma passar pra gente: “Eu não posso perder o carnaval”. Então, todos os segmentos tem que andar com essa visão de excelência de qualidade.

Péricles Bassols

ESSA É A VANTAGEM DA ARBITRAGEM CARIOCA ?

– Sem dúvida, esse apoio do presidente Rubens é fundamental para o trabalho. O produto final arbitragem que a CBF deseja, ela vai buscar nas Federações que precisa apresentar seu produto em condições porque depois vem a Fifa, que vai precisar de excelência na copa do mundo, que é vista praticamente em todo o planeta. Então nós investimos na preparação física, preparação técnica, com ótimos instrutores, todos ex-árbitros, muitos ex-professores que se prepararam, se reciclaram para o momento atual, hoje, que é muito diferente de antigamente.

QUAL A GRANDE DIFICULDADE PARA O ÁRBITRO ?

– Infelizmente o jogador brasileiro ainda tem aquela cultura do “se dar bem”, então ele procura tirar proveito de situações na malandragem, levar a bola com a mão, quando a bola sai na lateral todo mundo levanta a mão tentando confundir o árbitro, impedimento, cavar falta, pênalti, enfim, uma série de problemas para o árbitro. Quando dizem que a arbitragem lá fora é melhor, é verdade, porque lá os jogadores ajudam, a educação, a cultura é outra. Os jogadores precisam se conscientizar disso, que tem que jogar e deixar o árbitro trabalhar em paz.

COMO FOI A PRÉ-TEMPORADA ?

– Foi a melhor que já fizemos nesses quatro anos, em todos os aspectos. Começamos o trabalho com uma equipe do Instituto Ciência do Futebol criado pelo presidente Rubens Lopes, dirigido pelo doutor Vagner Figueiredo, da UFRJ, que fez uma avaliação da parte cognitiva, com duração de 30 minutos para cada árbitro. No segundo dia fizemos trabalho técnico-físico interligado, trabalhamos as duas qualidades, tudo sob controle das equipes especializadas, em dois períodos do dia. Fizemos trabalhos adicionais com os Árbitros Adicionais, ao lado dos gols, principalmente postura em campo. Situações de jogo, na verdade, sempre com a orientação do árbitro central. Posicionamento no tiro penal, retomada para se postar na linha do impedimento, todos esses detalhes foram exaustivamente repetidos e o resultado foi espetacular. À noite os árbitros viram vídeos, principalmente erros cometidos por eles, em vários jogos das principais competições. Penso que o nosso grupo vai fazer uma grande temporada.

2 thoughts on “ÁRBITROS DO RIO ESTÃO SUPER PREPARADOS

  1. Esse ai eu nem posso falar,pois sou suspeito.Já o conheço a vasto anos,grande PROFISSIONAL,grande caráter,grande pessoa,grande amigo em fim esse é o cara!!!Forte abraço Barroso e Deus lhe guie.Irei compartilhar com os amigos do face e também aqueles que conviveram juntos na FICAB com muito orgulho.

  2. Obrigado Eli, você é daqueles amigos de uma geraçäo fantástica formada na Castelo Branco, tempos de grandes feras na nossa área, valeu irmäo pelo carinho.

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