Amigos
Algumas coisas a gente vai tocando, resolve cada uma em seu tempo e elas vão se acertando, se encaixando, como dizem os “professores”, também conhecidos como técnicos de futebol. Na verdade trabalho não mata ninguém, a não ser em algumas profissões como policiais, ladrões – em alguns casos é profissão, se morar em Brasilia, por exemplo – e vai por aí. O que desgasta é o cidadão ficar duas, três horas, como já fiquei, dentro do carro, chovendo ou fazendo sol, num trecho de 20 quilômetros, no meu caso, ou mais, em outros.
O País vive uma crise existencial, se assim preferem alguns, ou uma crise moral, como querem outros. Na verdade estamos atravessando uma crise geral, de tudo. Falta tudo, desde vergonha até punição que sirva de exemplo para que as coisas comecem a mudar. Pedi um tempo e vim passar uns dias com meu sobrinho Alexandre, sua esposa Donna e um grande presente que eles me deram, minha sobrinha/neta Chloe, um ser que caiu do céu ou algum jardim cultivado em qualquer espaço desconhecido. Mais ou menos isso.
Politica a parte, sempre admirei a forma como o povo americano se comporta. Fui adolescente ouvindo dizer que o governo brasileiro deveria incentivar o turismo interno, aliás mais caro que o externo, para o povo conhecesse primeiro seu país, alguns suas origens, para depois pensar em viagens internacionais. Errado. Se o Nordeste é lindo, e posso falar porque nasci lá, em qualquer pais do mundo há beleza natural e social, eis a questão. Aqui se aprende, e muito. Eles nos ensinam como respeitar e ser respeitado. Seus direitos e suas obrigações e todos brigam por elas.
Chloe, minha sobrinha, como já disse, tem 4 anos, nasceu em Ravena e, lógico, fala bem inglês, bem articulada e estuda português com o pai, ajudado pela mãe. Estávamos jantando e perguntei onde ela havia aprendido a jogar as coisas que sobram, na lixeira, se na escola ou em casa. “Em nenhum lugar”, ela respondeu à mãe, que me traduziu e completou, “eu sei que não pode fazer isso”. Penso que não preciso acrescentar nada. É um fato novo, pelo menos para mim, que sempre ouvi que aqui as crianças aprendem o hino na escola, entre outras coisas.
É verdade. Nas escola ensinam o hino e muito mais. Fazem as crianças conhecer a história do seu país, sem mentiras, pelo menos tenho descoberto isso agora. Os Estados Unidos foram construídos com batalhas, guerras, posses, é verdade, como parte do Sul da California, que pertencia ao México. Aqui em Williamsburg, onde tudo começou, várias batalhas foram ganhas e espaços conquistados dos ingleses. Vi, pessoalmente, em reprodução magistral, feita por artistas, uma delas. Impressionante o que representa para os grandes e pequenos cidadãos o que cada tiro significa.
Aqui não se pendura uma bandeira na sacada ou varanda de casa em copa do mundo ou olimpíada, onde os americanos dominam, mas por orgulho de ter nascido aqui. Tenho visto, curtido, estudado e conversado com algumas pessoas sobre esse comportamento. A America não é a “a terra da liberdade, a casa dos bravos”, como se encerra o “Star Spangled Banner”, hino oficial dos Estados Unidos, por acaso. Sua letra completa foi tirada de uns versos feitos durante a guerra da secessão e hoje é o mais tocado em competições internacionais. E vale o que está escrito.
Para que não haja qualquer dúvida, devo dizer que não pretendo fazer apologia da forma com eles vivem, mas dizer, somente, que admiro como eles se comportam. Cada um que faça sua avaliação e fique com ela. Se é bom ou ruim, não vamos mudar nada. Se pretendesse mudar alguma coisa, gostaria de fazê-lo em nosso Pais. Mas estou fora dessa. Não verei isso, nem meus sobrinhos, possivelmente meus sobrinhos/neto, brasileiros. Quanto a Chloe, tenho certeza que ela sentira orgulho do seu país, terá uma bandeira na varanda de sua casa e verá seus direitos respeitados e, se Deus quiser, será muito feliz. O resto não sei. Voltarei breve.
Valeu, Tio! Pela visita e pelo texto. Eu, como Brasileiro, sempre achei que os EUA fosse um pais arrogante, imperialista com cidadaos egoistas e prepotentes. Eu era uma daqueles Brasileiros que critica sem conhecer. Foi so depois de ter o privilegio de viver aqui por 15 anos e que eu me dou conta de quanto preconceito e disinformacao eu tinha sobre os EUA e o seu povo. Politica externa a parte, e dificil de se encontrar um povo tao generoso e acolhedor como e o povo americano. A historia americana que voce teve o prazer de conhecer, em parte, e o maior exemplo de que os americanos nao toleram injusticas e que o governo funciona para os cidadaos e pelos cidadaos e nao o contrario. Eu tenho o privilegio de ter sido acolhido aqui e poder criar a minha familia num pais como este. Eu e Chloe, como Brasileiros, amamos muito o nosso Brasil, mas torcemos que um dia o Brasil possa proporcionar ‘a Brasileiros o que os EUA proporciona aos Americanos.
Beijos do seu sobrinho querido,
Tito