(Oscar
Uma partida de futebol guarda grandes emoções em seu desenrolar. Para uns apenas uma partida do seu time, onde a vitória é essencial, para outros nem tanto, se contentam com uma boa apresentação de seus jogadores. Depende de que lado do mundo ele vive. Um jogo, como num filme ou numa peça de teatro, deveria ser um lazer, divertimento. Com emoção, graça, suspense, mas nunca motivo para violência. Enquanto a “seleção” da Fifa se apresentava na Bolívia para tentar amenizar uma grave crise diplomática, na Espanha o país viu a mais bela cena de muitas décadas ou séculos.
O palco teria que ser o estádio Campo Nou, onde se apresenta, faz alguns anos, o melhor e mais espetacular futebol do planeta. Por ironia, Messi não estava em campo. Nem precisava. No banco de reservas a volta do técnico Tito Vilanova, recuperando-se de um câncer, liberado pelos médicos para voltar ao trabalho fazia parte de uma noite histórica. Não conseguia esconder a angustia por buscar uma vitória, comum naquelas bandas, nem a agonia para que tudo desse certo. Seu rosto mostrava emoção, ansiedade, alegria, pela volta.
Há fatos que se sobrepõem às emoções do jogo, o que se passa dentro das quatro linhas. A goleada imposta pelo Barcelona ao Mallorca, por 5×0, tinha tudo para abrir as manchetes de todos os principais jornais esportivos do mundo. Até porque Fabregas fez três gols, o que não acontecia a longa temporada, Messi esteve ausente mas a máquinha está bem montada e sabe como fazer as coisas se tornarem fáceis. Nada disso, entretanto, superaria as emoções que estavam por vir.
Aos 23 minutos de segundo tempo, o quarto árbitro anuncia a saída de Piqué para a entrada de um negro alto, postura de Lord inglês, embora francês, impecável nos desarmes, dribles e passes. Eric Abidal voltou a jogar depois de 402 dias em recuperação de um transplante de rim. Foram momentos mágicos, humanos, eternos, desde que o lateral pôs-se a rezar agradecendo por estar de volta, emocionando a todos que assistiam, numa das cenas mais comoventes que o futebol já viu. Não devo negar que deixei cair algumas lágrimas. Ainda bem.