HOLANDA MANTÉM INVENCIBILIDADE E
ELIMINA SELEÇÃO DE DUNGA NA COPA

Numa partida com dois tempos distintos, a Holanda manteve uma incrível invencibilidade de 24 partidas, incluindo os jogos das eliminatórias e do mundial que se disputa na África do Sul. A seleção dirigida por Dunga foi melhor no primeiro tempo, marcou um belíssimo gol, com apenas nove minutos e poderia ter deixado o gramado do estádio Nelson Mandela Bay com a vantagem de dois gols. O goleiro Stekelenburg fez uma defesa incrível, num chute de Kaká e manteve a diferença mínima.

Até o apito final do japonês Yuiche Nishimura, que teve boa atuação, encerrando o primeiro tempo, a seleção da CBF/TV manteve a partida sob controle, dominando as principais jogadas holandesas, pela direita do ataque, explorando o quase fenômeno Robben, com a aproximação do lateral direito Van der Wiel e Sneijder, o melhor jogador da copa até aqui. Faltava, entretanto, maior entrosamento entre o meio-campo e Robinho, que voltava para buscar jogo, e Luis Fabiano, isolado entre os zagueiros holandeses. Um passe a “la Gerson”, de Felipe Melo deixou o atacante do Santos na cara do gol. Ali ele não perdoa. Um gol caído do céu.

Na volta do segundo tempo, com mais disposição e melhor distribuição em campo, a Holanda insistiu no jogo pela direita, com Robben. Ganhou uma falta que foi muito bem batida por Sneijder, no lugar exato, com perfeição. Felipe Melo desviou de Julio César, que não deu em bola e estava decretado o empate, mais um gol contra desse mundial. Com apenas 8 minutos, a Holanda voltou ao jogo ao contrário do time azul, que sentiu e acusou o golpe.

O jogo ficou equilibrado, mais corrido e muito pegado. As jogadas violentas foram se repetindo mas bem administradas pelo japonês Nishimura, que apitava sua quarta partida. Experiente e bem preparado, segurou o jogo, marcando em cima, sem deixar dúvidas. Não há o que ser reclamado, as faltas fazem parte do jogo e ele aplicou bem esse conceito. Aos 23 minutos, nova falta pela direita, raspão de cabeça na primeira trave pegando Sneijder completamente desmarcado dentro da pequena área. Não precisou pular para cabecear e marcar o gol da virada.

Matou o jogo ali. O time brasileiro que já havia sentido o gol de empate, arriou de vez a guarda e passou a jogar no desespero contra o relógio. E quem conhece futebol sabe que nada é mais desesperador que lutar contra o tempo. Muito menos quando o equilíbrio emocional se instala. Dessa forma, Felipe Mello fez uma falta normal de jogo, que não valeria nem um cartão amarelo, se ele não tivesse pisado na perna do atacante holandês, “nas barbas do juiz”, como diziam antigamente. Sem necessidade, já era desespero. Com 1×2 no placar as coisas se complicaram mais ainda.

A Holanda passou a tocar a bola, tem excelentes jogadores, e administrou o tempo que restava. A seleção do Dunga tentou, por outra via, chegar ao empate. Enquanto o treinador esmurrava a cobertura do banco de reservas, os jogadores em campo faziam o que podiam. Sem esquema tático, técnica comprometido pela desvantagem no placar, Robinho, Kaká, Daniel Alves e Lúcio, principalmente esses, tentavam resolver com valentia e amor uma derrota que já estava praticamente consumada.

A copa  segue até o dia 11, quando será conhecido o novo campeão do mundo. Não haverá mais tetra, da Itália, nem hexa pelo Brasil. Poderá sim, haver um novo tetra, com a sempre imprevisível, mas habitualmente candidata, Alemanha, e um inédito para Holanda, candidatíssima ao título, ou Espanha, que começa a crescer na competição. Enfim, torneio que começa a ficar emocionante, depois que os figurantes foram embora.

Não é hora do caçar as bruxas, execrar ninguém. O comportamento da torcida tem sido de total equilíbrio – salvo as exceções habituais – e reconhecimento que um trabalho foi realizado dentro do planejamento da Comissão Técnica e as convicções do treinador. Todos são responsáveis pelas vitórias e derrotas. Poderá, e deverá haver retaliações, mas isso faz parte do jogo. É desespero de perdedor. Ruiu o castelo dos sonhos do hexa-campeonato e vão ruir muitos mais. Quem viver verá.