¡¡Campeones!!

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A Espanha ingressou no clube dos oito, seleto grupo dos campeões mundiais, derrotando a Holanda por 1×0, gol de Iniesta, nos últimos minutos da grande decisão. Não fosse a derrota na estréia para a Suíça, teria sido uma campanha sem retoques, como foi a vitória sobre a seleção laranja, que perdeu a sua terceira decisão. Após a conquista da Copa da Europa e os seis títulos seguidos do Barcelona, incluindo a Liga dos Campeões da Europa, ano passado, o futebol espanhol ganhou definitivamente um lugar de destaque no cenário mundial.

O time dirigido por Vicente del Bosque detonou vários conceitos, derrotou a Alemanha, fortíssima candidata ao título, sofreu apenas dois gols, teve um dos artilheiros e mudou a forma de jogar futebol que se prática há muitos anos. Precisou ganhar um mundial para que os estudiosos e a mídia mundial passassem a perceber essa mudança. Basicamente uma transformação que tem nome. A seleção que era conhecida como “Fúria” passou a ser chamada “Roja”. Nenhuma semelhança com o apelido anterior. O que se vê hoje em campo é um time de vermelho ditando o ritmo das partidas. Com talento, paciência e muita técnica.

A Espanha não ganhou apenas o direito de fazer parte da elite do futebol mundial. Entrou no grupo com status de grande contribuinte. Se não foi a mais brilhante copa do mundo de todos os tempos, pelo menos quebrou uma sequencia de torneios desinteressantes, medíocres, sem brilho ou novidade, desde 1974 e 1978, quando o mundo ainda se curvava diante da mágica seleção holandesa de Johan Cruijff e seus companheiros. Um time respeitado, temido, de futebol tão simples quanto fantástico. Se não foi campeão não importa, sua marca jamais será apagada, seus craques jamais esquecidos. Surge uma nova escola. A escola espanhola de jogar futebol. Uma mudança simples, que requer aplicação, condicionamento atlético, determinação e talento. Junte tudo isso e entregue a um treinador competente, sereno que sabe usar o potencial de cada um.

Poucos treinadores tirariam David Villa, artilheiro do mundial, eterno pesadelo para os adversários, no segundo tempo da prorrogação, como ele fez, para por um jogador fora de sua melhor forma, que não justificava sua entrada naquele momento. Fernando Torres entrou e sentiu uma distensão, logo em seguida. Mesmo assim o time manteve a pegada, fez a bola rolar. Aí está o segredo dessa seleção. Jogar e não deixar jogar. Manter a posse de bola numa incrível média de 60% numa copa do mundo é surreal. Ou era, até terminar o torneio realizado na África do Sul. Determinar o ritmo do jogo, cadenciar seu time, subjugar o adversário. É um segredo que parece muito simples, mas não é. Vai ser difícil outra seleção se adaptar a essa nova tendência. Até porque vai será difícil montar uma seleção forte com sete jogadores de um time (Barcelona), três de outro (Real Madrid), mais Capdevilla, como “La Roja” derrotou a Holanda. De uma competição que poucos esperavam alguma novidade, muitos se surpreenderam.

Fora o Uruguai, que furou o bloqueio dos favoritos, a decepção ficou por conta da fraca seleção brasileira, da complicada e desunida França  a Italia que não se renovou e a Argentina, que dependia de Messi. Ficou uma vaga entre os mais cotados. Forlám, que fez uma grande copa, mas não foi o melhor, como a indicação da Fifa sugere, tratou de carregar seu time, também modesto, nas costas e foi brilhante. Seu nenhuma dúvida a grande surpresa.

É cedo para se falar no novo futebol espanhol, não. Ficou evidente que haverá mudanças nos próximos anos. Essa tendência será a posse de bola com inteligência. Não “posse de bola”, quesito de scouts para televisão. Ter a bola e saber o que fazer com ela. Não permitir ser atacado e atacar com eficiência. A Espanha mostrou isso. Só não marcou na estréia, quando foi derrotada mas estava preparada para perder. Recuperou-se a tempo e foi buscar os pontos que precisava para chegar ao título. E chegou com brilho, em ótimo momento para o país.

Vão crescer a Liga BBVA (Campeonato Nacional), a Federação Espanhola de Futebol e os clubes. Todo mundo vai ganhar com essa conquista. A ESPN, que mostra a “Liga das Estrelas” vai vender mais PPV e vamos continuar assistindo Real Madrid x Barcelona, agora mais que nunca o maior clássico do planeta. Hoje estariam em campo Casillas, Victor Valdez, Sergio Ramos, Puyol, Piqué, Xabi Alonso, Xavi, Iniesta, David Villa, Pedro, Busquets, Albiol e Arbeloa, treze campeões do mundo.

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