A COPA QUE FICOU DEVENDO

Foto: site as.com

A cada quatro anos nos preparamos para assistir a um espetáculo de futebol chamado Copa do Mundo (merece maiúsculas). Seria o equivalente ao Oscar, com todas as virtudes e defeitos. Rigorosamente igual. Mulheres lindas, lindíssimas, principalmente as holandesas, inglesas, americanas, argentinas. Outras menos, algumas mais. Não posso ver a todos os jogos. É certo que havia outras maravilhosas que não foram mostradas. Aí a culpa não é minha.

A Fifa, o equivalente à Academia de Cinema de Hollywood, sem o mesmo talento, pretende, um dia, substituir a ONU, em importância mundial. Pretende. Pelo menos é o que espera o presidente Blatter. Para não tomar seu tempo, recomendo a leitura – obrigatória para jornalistas – do livro “Como eles roubaram o jogo”, do inglês David Yaloop. Aí você vai conhecer os bastidores de uma competição desse nível. E nunca mais vai ver futebol da mesma forma. Vamos em frente.

Houve alguns jogos interessantes, outros bons, raríssimos excelentes. Como os filmes. A escolha – qualquer uma – é rigorosamente política. A começar pelos locais designados para a realização dos eventos. A África foi importantíssima na eleição do atual presidente que, segundo Yallop, comprou os votos da maioria das federações do chamado Continente Negro. Era carta marcada. Toma lá, dá cá.

Três importantes itens para a realização de um jogo são de responsabilidade do “dono da casa” e estão entre as 17 regras, ou seja, sob a responsabilidade da Fifa. Campo, Bola e Árbitro. A Jabulani foi aclamada a grande vilã da copa. Alguns gramados em estado deplorável para uma competição que mobiliza bilhões de espectadores em todo o mundo. E as arbitragens. Merecem um parágrafo especial.

Descontando os impedimentos confirmados apenas na imagem congelada, houve erros absurdos, como o gol da Inglaterra, contra a Alemanha, quando a bola transpôs mais de trinta centímetros a linha de gol e o uruguaio Jorge Larrionda não confirmou, nem seu assistente, que está lá para isso, além de laterais, mais nada. Os ingleses pagaram com juros absurdos o gol que lhes deu o título em 1966. Esse manchou todo o trabalho da arbitragem. Até as boas atuações, que ninguém vai destacar.

Seria de esperar, com bom senso, que os melhores árbitros estivessem na África do Sul. Mas não é assim que a coisa funciona. Ou seria justificável a escolha do nosso representante, Carlos Eugenio Simon, hoje um dos piores árbitros do país, em visível decadência. Não é necessário, mas conveniente, dizer mais uma vez que a análise sobre a arbitragem está diretamente ligada ao papel desse profissional em campo. Onde erram e acertam, são criticados e elogiados, pelo que fazem, não pelo que são.

Em campo, alguns bons atores, muitos canastrões e excelentes coadjuvantes. E o banco de reservas foi um excelente campo de observações. Diretores equilibrados, jovens revelações, como o alemão Joachim Löw, veteranos, e um bom exemplo é o discreto e competente Vicente Del Bosque, da Espanha, e alguns que nada puderam fazer. Não tinham um bom elenco. Não dava para fazer mais do que tentaram.  Fracassaram junto com a estrutura de cada investimento, sabiam até quando poderiam trabalhar e foram fiéis aos seus princípios.

Um magnífico e veterano ator, dentro de campo, poderia ser indicado ao troféu de revelação e destaque do mundial. Diego Armando Maradona. Sim, ele, o controvertido e surpreendente técnico da Argentina foi um número especial, fora das quatro linhas. Com uma seleção que tinha como maior estrela do festival, Lionel Messi, chegou ao limite e retornou antes do que poderiam imaginar nossos vizinhos do Prata. Mas foi em boa hora, não dava para seguir em frente. Messi ficou devendo, é verdade. Mas digam isso aos torcedores do Barcelona.

Também voltamos cedo, mais do que se poderia pensar ?. Não. Como a Argentina, esse era o limite da seleção do Dunga. Venceu os jogos que deveria vencer. O primeiro grande time que enfrentou não conseguiu jogar. Fazer julgamentos agora é bobagem. Futebol não é “uma caixinha de surpresas” ?. Não tomamos “dois gols bobos” ?, como disse Robinho ?. Então, vamos “continuar trabalhando” e esperar pelo novo “professor” que vem aí. Não esquente sua cabeça, que a CBF não está nem aí para mais esse fracasso. Seu “presidente” tem outros objetivos.

Cada equipe refletiu em campo aquilo a que se propuseram. Impossível analisar trinta e duas seleções detalhadamente. Outro erro da Fifa, que “inchou” o campeonato para atender aos europeus, americanos, africanos e oceânicos. A busca pelo voto deu nisso. Uma competição absurdamente longa, que rende muitos milhões de dólares, mas perde em qualidade. Fico imaginando quando chegar a vez da Austrália, como os torcedores vão fazer para assistir aos jogos, ao vivo. Só os milionários, que vão a passeio. Esse pessoal não é exigente com o que se passa em campo. Ele quer se divertir.

Restou, numa análise simples, falar do que vi de melhor nesse mundial. A transmissão pela televisão. Calma, não estou falando em narração, mas na geração das imagens que, com certeza, serão copiadas nos próximos meses, por aqui. Como sempre. Muito bom, excelente em HD. Vou encerrar cumprimentando o pessoal da ESPN, onde assisti a maioria dos jogos, em casa, pelo excelente trabalho, e à turma da BAND, pelas transmissões que vi no trabalho. E aos companheiros e amigos Luis Penido, Washington Rodrigues, Wagner Menezes, Eugênio Leal e Edson Almeida, da Rádio Tupi, que fizeram uma cobertura de alto nível. Como sempre.

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