SOBRE PONTES E MURALHAS

A queda de uma ponte e o rompimento de uma muralha são fenômenos comuns a novembro. Enchentes, desabamentos, desabrigados são expressões das causas e consequências destas tragédias. Ontem, tais notícias deixaram os primeiros cadernos e alcançaram as últimas  páginas esportivas. A Ponte Preta caiu para a segunda divisão e a Muralha se rompeu, deixando o Flamengo ameaçado de perder sua vaga na Taça Libertadores da América. Não será preciso, desta vez, acionar a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros para resgatar desabrigados. Basta um  psiquiatra e um afastamento para o Rodrigo. E um psicólogo e um descanso para o Muralha.

Em Campinas a Ponte Preta abriu logo 2×0 jogando em casa e em cima de um concorrente direto, o Vitória. Todos nós, que  assistíamos a Flamengo x Santos, imaginamos: a macaca está salva. Mas eis que este rapaz que exerce sua profissão sem prazer, jamais sorriu em cena, apenas caçou o Fred, se estranhou com o Guerrero, deu socos no Ribamar durante o estadual carioca vestindo a camisa do Vasco, resolveu novamente incorporar Dick Vigarista. Se tornar, outra vez, o vilão da história. E sua irresponsabilidade foi longe demais. Não apenas deixou, com seu ato impensado, seu time com 10 como sempre faz ao ser expulso. Conseguiu entrar para a história como o único jogador, não um elenco, um treinador, uma má administração, a levar um clube para a segunda divisão ao enfiar a mão na bunda do centroavante adversário. Ou Rodrigo se trata ou outras pontes ruirão provocando novas invasões de campo, torcedores desabrigados da primeira divisão.

Quanto ao Muralha, segundo o Aurélio, este deveria ser um muro a proteger uma Fortaleza. E foi contratado para isto, para defender uma nação. Mas anda inseguro a algum tempo, desacreditado pela torcida e em si mesmo, a tal ponto que esqueceu  as razões que o levaram até o gol quando era menino. Quando você reúne um grupo de amigos para jogar bola, o pior de todos vai para o gol. Se não possui habilidade com os pés, quem sabe com as mãos? E ao receber uma bola atrasada, diante da proximidade de um atacante como Ricardo Oliveira, não deu um chutão pra frente, como aprendeu a fazer. Foi tentar um drible que nunca soube dar. Se soubesse, não estava no gol. Seria jogador de linha.

Apesar do Rodrigo, a ponte será reconstruída. Ele, talvez, vai depender do divã. Quanto ao Muralha, melhor Reinaldo Rueda lhe dar um descanso. Um tempo para tratamento a levantar sua auto estima. E levar o César, Tito Lívio, Tácito, seja lá quem for o imperador, até mesmo o Bandeira de Mello, um presidente para fechar o seu gol na Colômbia. E evitar uma nova tragédia em novembro.

José Roberto Padilha é jornalista, ex-atleta do Fluminense, Flamengo, Santa Cruz e Americano, entre outros.

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