SELEÇÃO DO CAMPEONATO BRASILEIRO

Desnecessário dizer que “seleção” é uma escolha e dela fazem parte os melhores. Pelo menos na minha avaliação. Sim, porque essas seleções de televisão dão vontade de chorar. Deveriam inventar, já que tanto gostam disso, um nome para essas escolhas que fazem todos os anos para preencher grade de programação, fazer festa.

Claro, não sou o Mano Menezes, que deveria ser obrigado a selecionar os melhores, ganha bastante dinheiro para isso e não faz seu trabalho direito. Então, as “convocações” que fiz também estão aí para as críticas merecidas. Ou não. Enfim, fiz o máximo para escolher o melhor, dentro do possível, já que não pude ver todos os jogos. Claro.

Uma coisa, amigo leitor, você pode ficar tranqüilo. Nenhuma “convocação” foi feita para  agradar a ninguém. Não há interesses comerciais nem vontade de fazer média com qualquer torcida ou clube. O cara escolhido para cada posição, por alguma razão, me deixou feliz em vê-lo jogar, independente de clube, cidade ou estado. Nesse espaço não entra jogador de mídia ou de empresário, por imposição. Só se houver coincidência.

 

GOLEIRO

Wilson, do Figueirense, principal responsável pela grande campanha do time catarinense. Fez partidas brilhantes, defesas incríveis. Como joga em time “pequeno” não poderia estar na “festa “da CBF/TV. Por isso ficou fora.

 

LATERAL DIREITO

Bruno, do Figueirense. Como seu companheiro Wilson, também brilhou. Tanto que não puderam deixar de relacioná-lo entre os melhores. Sabe jogar, tem muita  personalidade e deverá mudar-se de Floripa rapidinho.

 

ZAGUEIRO (DIREITA)

Dedé. Não há comparação com os outros. Exagero à parte – até de Deus foi chamado – foi o grande destaque do Vasco no campeonato brasileiro. Tem tudo para chegar à seleção brasileira como titular. Mas falta muito chão para ser chamado de mito. Com certeza estará em todas as seleções que se fizer. É, como Neymar, unanimidade nacional.

 

ZAGUEIRO (ESQUERDA)

Vou improvisar, por absoluta falta de opção. Jogaria com Dedé e Antonio Carlos, do Botafogo, sem susto. Esse cara não tem mídia mas é um baita jogador. Joga simples, como sua postura. Talvez por isso não tem o espaço que merecia ter. Marca bem, boa impulsão e faz gols. Com essa dupla eu seria um técnico relaxado. Emerson poderia ser escalado, mas não lempro de nenhuma grande partida que tenha visto desse rapaz, que não escalo por falta de informação.

 

LATERAL ESQUERDO

Cortês. Um dos raros que se salvaram no Botafogo. Mais que isso, foi o destaque do time. Caiu de produção junto com o grupo, mas o que jogou até ser convocado por Mano Menezes foi um absurdo. Não foi regular todo o campeonato mas o que fez foi suficiente para estar nesse grupo.

 

PRIMEIRO VOLANTE

Arouca, do Santos, é outro injustiçado, como Antonio Carlos. Joga muito mas nunca é convocado e dificilmente está nas “seleções” da rodada. Nem fazendo chover, precisa fazer nevar ou provocar um tsunami. Jogador moderno, marca bem, recompõe a marcação, como a maioria dos treinadores prefere. Ou quem gosta de futebol solidário. Mas não tem midia.

 

SEGUNDO VOLANTE

Paulinho, do Corinthians. Único representante do campeão brasileiro por sua regularidade. Seus colegas alternaram atuações, algumas abaixo do aceitável para quem buscava o título. Impressiona pela mesma pegada, em todos os jogos, além de ser um jogador vibrante. Conseguiu fazer um time normal, comum, ser campeão. É um jogador que mantém o ritmo do time, com boa qualidade técnica e muita aplicação.

 

MEIA

Deco, do Fluminense. Jogador de altíssimo nível técnico. Nem precisou jogar todas as partidas para mostrar suas qualidades. Sabe tudo e  mais alguma coisa. Valeu pelo que fez em tão pouco tempo em que esteve em campo. Na média foi superior a outros da posição. Dos repatriados, foi o que apresentou maior regularidade e talento. Para mais uma temporada, pelo menos.

 

MEIA

Neymar. Melhor jogador brasileiro em atividade, dentro e fora do país. Craque do campeonato brasileiro, entre os melhores do mundo em todas as listas européias. Pode mudar o rumo do futebol brasileiro, se o Santos conseguir segurá-lo. Um espetáculo à parte. Cracaço, joga fácil. Não está na final da Bola de Ouro da Europa mas estava na lista, quebrou um tabu. Também tem muita estrada a percorrer. Ainda não é Mito nem Deus, mas resgatou a alegria de jogar futebol e lançou a torcida feminina organizada nos estádios. Fantástico.

 

ATACANTE

Borges, artilheiro do campeonato. Gols bonitos e salvadores, que livraram o Santos de um vexame maior que o décimo lugar, com 15 derrotas. Foi fundamental para manter a regularidade do time, quando foi necessário. Talvez tenha passado pela melhor fase de sua carreira, lembrando os tempos de Atlético Paranaense. 

 

ATACANTE

Fred. Vice-artilheiro, uma excelente temporada, gols importantes que deram ao Fluminense o terceiro lugar. Gols bonitos, de cabeça, com a direita, esquerda, de bicicleta, voleio, para todos os gostos. Brilhante campeonato.

 

CRAQUE

Neymar. Devolveu ao futebol brasileiro a alegria de jogar bola. Tem todas as qualidades físicas com excelência e aplica bem todos os fundamentos. Isso faria de qualquer atleta, em qualquer esporte, um diferenciado. O que ele é, aos 19 anos.  Tão bom que não foi preciso chamá-lo de “novo Pelé”, como fizeram com tantos outros. Tem identidade própria. E foi mais além quebrando um tabu ao entrar para a lista dos melhores do ano, feita na Europa, uma raridade. Como Dedé, é unanimidade nacional. 

 

REVELAÇÃO

Dedé.  Há muitos anos não aparece no futebol brasileiro um zagueiro como ele, que no começo do ano estava no modesto Volta Redonda e termina a temporada como o maior ídolo do Vasco. Que não se iluda com os elogios exagerados, alguns ridículos, que lhe impuseram. Ainda tem muito que trabalhar, mas o que fez foi suficiente para ganhar seu espaço. Uma boa orientação e o técnico da seleção terá um problema a menos para a copa do mundo em 2014.

 

TÉCNICO

 

Jorginho. Fez do Figueirense a maior surprêsa do campeonato, com sistema de jogo definido, difícil de ser batido. Cumpriu a primeira etapa de sua carreira como treinador, deixando de vez o grupo dos candidatos a técnico. Está, agora, na fase intermediária com grande chance de entrar para o grupo dos treinadores de ponta. Apresentou um time consistente, muito acima do que o apoio financeiro do clube poderia oferecer. Está fazendo carreira como mineirinho, comendo pelas beiradas. E vai longe, com certeza.

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