PRA QUE SERVE CENTRO DE TREINAMENTO ?

Li essa manchete num site – se não me angano no R7, da Record – e dei uma grande mancada. Não tive coragem de ler o texto todo, juro.  De repente poderia ser uma chamada tipo “pegadinha” e perdi. Não lembro o nome do colunista mas sei que é um cara muito bom, já li outras coisas dele e  gostei. Paciência. Depois ouvi numa rádio, agora de verdade, que o “futebol carioca está dominando a parada, é o rei da cocada preta, bla, bla, bla “.

“Ganhou os dois últimos campeonatos brasileiros e agora a Copa do Brasil “, continuou o empolgado repórter, depois que o Vasco carimbou passaporte para a Libertadores do ano que vem. “Agora vamos ganhar a Libertadores, com o Fluminense … seguiu o moço, mais empolgado ainda. Só esqueceu do Flamengo, que foi campeão estadual e ainda invicto. Claro, só poderia ser campeão um time do Rio, mas com a empolgação do rapaz achei que ele poderia meter essa, tamanho era seu entusiasmo.

Na verdade, o Vasco foi campeão legítimo, como foram Flamengo e Fluminense nos dois últimos campeonatos nacionais. E é isso que importa, diriam os defensores do “quero vencer de qualquer jeito”. Para esses, chegar ao primeiro acampamento do monte Everest está ótimo. Não precisa escalá-lo. Pra que ?. Não penso assim. E não concordo com esse tipo de pensamento. Devemos sonhar grande ou não chegaremos nunca ao topo. É importante, sim, vencer os campeonatos e torneios internos. Melhor ainda é seguir em frente e ganhar competições internacionais, o que os clubes do Rio não fazem há muito tempo.

O único título de campeão do mundo do Rio vai completar trinta anos, no dia 13 de dezembro, vencido pelo melhor time da história do Flamengo, liderado por Zico. A maioria da maior torcida do País não viu essa conquista, numa maravilhosa jornada em Toquio, quando os japoneses tiveram a feliz idéia de confrontar o campeão europeu com o sul-americano, unificando o título. Depois a Fifa, sabe-se lá como, tirou essa competição do Japão e “oficializou” sua disputa. O primeiro  campeão nesse modelo foi o Corinthians, que derrotou o Vasco, no Maracanã, na disputa de “penaltis”.

O futebol do Rio já foi o melhor do Brasil. Não é mais, há muito tempo. Basta ver as convocações da seleção brasileira para as copas do mundo, depois da conquista do tricampeonato, em 1970, no México. Em duas delas foi convocado apenas um jogador do Rio, sendo que Juninho Paulista estava de passagem pelo Flamengo, quando foi chamado. É verdade que a maioria joga na Europa. O futebol carioca corre o risco de não ceder nenhum jogador para a copa do mundo que terá a final no Maracanã. É um risco iminente.

O tempo é curto, sabemos. Não haverá como os clubes se estruturarem para essa competição. Mas vão continuar com essa política do imediatismo, mais pra frente a gente vê como fica ?. Claro que não vai dar certo. É preciso que os dirigentes acordem para a realidade e vejam os exemplos dos gigantes do futebol mundial, que estão todos na Europa, liderados por Espanha, Inglaterra e Itália, os mais ricos campeonatos  do mundo. E o maior exemplo está no Barcelona, que cedeu oito de seus jogadores para a inédita campanha da “Roja” na conquista da copa do mundo.

Os vascainos tem mais é que comemorar a conquista da Copa do Brasil, também inédita. Mas querem mais. Gostariam de vencer a Taça Libertadores e se credenciar para disputar – pela terceira vez – o título mundial. Foi importante, sim, esse título. Deu ao torcedor do Vasco a certeza que o trabalho do presidente Roberto Dinamite estava no caminho certo. Quando venceu as eleições o maior ídolo do clube sabia que precisava devolver a seus torcedores a auto-estima, perdida durante muitos anos de péssima administração imposta por maus dirigentes.  Não foi somente uma vitória do Vasco, mas de todos nós. Que gostamos e vivemos no futebol do Rio.