POR QUE O TORCEDOR NÃO VAI AOS ESTÁDIOS ?

Por vários motivos, o principal deles é a transmissão direta pela televisão que, indiretamente virou o porto seguro para os grandes e pequenos clubes se atracar. Ou quase isso. Podem encostar suas embarcações e pegar adiantado uma fatia importante de suas receitas mensais, que deveriam estar ajustadas para evitar a bola de neve que rola há muitos anos e, pelo jeito, não vai parar tão cedo. Ou não vai parar, o que parece mais provável.

Alguns anos atrás era inadmissível sequer pensar em por o time do Flamengo em campo para 1.413 torcedores, como aconteceu na estréia da Taça Rio, dia 13 de março. Estádio vazio, ruas desertas e uma grande decepção: derrota, de virada, para o Resende, depois de fazer 2×0 no primeiro tempo. Talvez o clube mais popular do País não esteja acostumado a tamanho desprezo de sua torcida, a maior de todas. Qual é a explicação, se é que existe ?

A qualidade do time, futebol de baixo nível que, comparado a um filme, uma peça de teatro, tem tudo a ver. O público vai de acordo com o apelo que cada um desperta. As últimas grandes equipes, de tantas outras consagradas, remontam ao século passado, mais exatamente aos anos 1980, era Zico. O que aconteceu com o clube de maior torcida do Brasil depois que seu maior jogador e ídolo encerrou a carreira ? Péssimas administrações.

Esse triste capítulo da história do Rio se estende ao Vasco da Gama, de tanta tradição e títulos. Com certeza foi o mais abalado por gestões que deixaram o clube a beira da falência, a ponto de ter a água de seu estádio cortada. Um vexame sem precedentes na História do Gigante da Colina e seu passado. Duas derrotas seguidas em duas rodadas da Copa Rio dão a dimensão exata do problema. Trocar treinador, um velho e ultrapassado recurso foi, mais uma vez, a medida imediata como recurso. Um grupo pediu a volta do ex-ditador. Acredito porque ouvi. Essa gente merece a crise ora instalada.

Não é diferente a situação do Botafogo, vencedor do primeiro turno, ganhador da Taça Guanabara, classificado  para a final do campeonato. Jogou para 2.512 pagantes, em seu campo, quando goleou o Resende por 4×2. Não se compara aos grandes times formados em General Severiano, mas tem o jogador mais carismático em atividade no futebol brasileiro. O maestro do time, Seedorf, está entre os três destaques da temporada, depois de Neymar e pode procurar mais um.

O Fluminense é exceção devido ao suporte que tem do patrocinador, há muitos anos bancando jogadores e técnicos muito caros, política incompatível com a situação do futebol brasileiro. Com tudo isso, apontado como melhor elenco do Rio, pelo menos no papel, ficou fora da final do primeiro turno e foi a campo, no primeiro turno, com público pagante de 1.523 torcedores, no empate contra o Friburguense. O Engenhão, hoje o maior estádio disponível no Rio, ainda não pode ser considerado um “elefante branco”, mas não está muito longe disso.

Por essas e outras constatações, não é difícil imaginar tempestades mais violentes, enquanto os clubes não mudarem suas políticas de administração. A nova diretoria do Flamengo promete sanear as dívidas. O Vasco nem isso. O Botafogo vive em águas tranquilas e o Fluminense, repito, é exceção. Que fonte de renda, além dos direitos de transmissão, poderá mudar esse quadro ? Não há perspectivas. Vasco e Flamengo jogaram muito tempo sem patrocinador, um absurdo. Foram bancados, muitas vezes, por empresários que, em troca, põem seus jogadores na vitrine, um negócio bom apenas para eles. Vamos continuar torcendo para que as coisas mudem, pelo menos a médio prazo.

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