OS MELHORES DO ANO

As seleções do campeonato fazem parte da cultura do futebol brasileiro, em grande parte pelo interesse dos torcedores em comparar suas preferências com o que lê e ouve. Resolvi fazer minha seleção sem compromisso, somente para exercitar a memória e fazer a avaliação do confuso campeonato brasileiro, em sua essência. Por uma canetada da CBF hoje fica difícil saber quem é o maior vencedor, quem é bi, tri, penta. O Botafogo venceu em 1995 e é bi, o Fluminense é tetra com três campeonatos e o Santos lidera, juntando um título conseguido contra quatro ou cinco adversários, numa Taça Brasil. Eu considero campeão brasileiro quem venceu a partir de 1971. Mas isso não é para ser discutido aqui e agora.

Outro detalhe que eu gostaria de acrescentar a essa escolha é que não há pitaco de ninguém. São escolhidos por mim, mais ninguém. Não existe interesse comercial, muito menos busco audiência. Já participei de muitas escolhas em jornais, TV e rádio, onde se buscava – e ainda é assim – um “equilíbrio” para agradar aos torcedores, patrocinadores ou visando a venda nas bancas. Se não há nenhum jogador do Vasco ou Flamengo não é por coincidência, mas por coerência. Não tenho que vender nada a ninguém. Portanto, aí vão os que mais me agradaram este ano. Lembrando que aceito criticas, já que nem o Saldanha conseguiu agradar a todos.

DIEGO CAVALIERI, penso que será escolhido por unanimidade. Um grande campeonato, mostrando que não deveria permanecer toda a carreira na reserva de Marcos, que acabou se aposentando. Nunca um ditado foi tão bem definido. “Todo grande time começa por um bom goleiro”. Oportuna sua convocação para a seleção que vai enfrentar a Colombia. Pode começar a pensar na copa de 2014. Está em grande fase.

MARCOS ROCHA, um dos destaques do Atlético Mineiro, que liderou o campeonato em algumas rodadas, caiu para o terceiro lugar porém fez um grande campeonato. Chegou a ser indicado como provável campeão. Sua queda não passa por Marcos Rocha, um dos destaques desse ótimo campeonato. Pode pensar, também, em copa do mundo, se mantiver o nível dessa temporada.

GUM, aos 26 anos, subiu muito de produção na segunda metade do campeonato, jogando com Digão ou Leandro Eusébio. A falha no gol de empate do São Paulo não tira o brilho de toda a campanha do Fluminense. Mais que isso, foi um dos responsáveis pela boa produção da defesa tricolor. Parece ter descoberto seu melhor posicionamento em campo e amadureceu bastante. Joga sério, tem boa impulsão e impõe respeito.

RÉVER. Faz com Leonardo Silva uma ótima zaga que, com certeza, contribuiu para a grande campanha do Atlético Mineiro. Joga bem desde que atuava no Grêmio. Manteve a pegada, faz gols e lidera o time, em campo. Uma boa opção para Mano Menezes que o tem convocado frequentemente, com razão. É um dos melhores zagueiros do futebol brasileiro, provável titular na copa de 2014. Se não aparecer nada melhor.

CARLINHOS. Não será unanimidade, com certeza. Talvez nem fosse escolhido se não estivesse no Fluminense. Não houve um grande destaque na lateral esquerda, posição carente no futebol brasileiro. Depois de Marcelo, sobra uma vaga na seleção. Carlinhos alternou bons e maus momentos mas foi importante em algumas vitórias. Não teve concorrente, é verdade, mas é um jogador útil, mesmo sem grande brilho.

JEAN, uma das grandes surpresas do campeonato e um dos responsáveis pelo tetracampeonato tricolor. Lembra Clodoaldo em grande fase. Discreto, inteligente, sabe ocupar os espaços em campo. Jogador de grande talento, que deixou Diguinho no banco sem chance de reclamar. Entrou e não saiu mais, a não ser para as seleções de melhores do ano. É um dos xodós do técnico Abel Braga, da torcida e de quem gosta de futebol bem jogado.

PAULINHO. Baita jogador. Foi um dos destaques do Corinthians, que preferiu abandonar o campeonato brasileiro para tentar ser campeão do mundo. Mesmo atuando a maior parte do campeonato no time misto, sempre se destacou. Jogador moderno, bom posicionamento, excelente desarme e grande preparo atlético. Um nome certo para a seleção brasileira. Se mantiver a pegada será uma das atrações do mundial de 2014.

RONALDINHO GAÚCHO. Não há como deixar de reconhecer o grande jogador criado no Grêmio. Conquistou a Europa o mundo e voltou ao Brasil para mostrar seu inesgotável talento. Um pouco mais ausente das baladas e noitadas seria um belo exemplo para o guri que quer ser jogador. Tem um repertório de jogadas como poucos que vi, exceto Pelé, a quem não se deve comparar. Se mudar, ainda poderá pensar na copa do mundo de 2014.

NEYMAR é o maior jogador brasileiro em atividade, aqui ou em qualquer campo do planeta. Outro que poderia se dedicar mais à profissão e atravessaria todas as fronteiras para disputar qualquer prêmio internacional. Só será vencedor quando deixar o Santos. Muitas atividades paralelas irá comprometer seu rendimento, mais adiante. Um pouco menos de holofotes será interessante para sua carreira. Basta se mirar em Messi, nesse quesito. Mas é monstro, muitos anos à frente dos outros jogadores brasileiros. Seria de outro planeta ?

FRED. Matador nato. Em grande fase, não perdoa. Poderia estar com a 9 da seleção brasileira há muito tempo, não fosse a teimosia do técnico Mano Menezes. Um dos responsáveis pelo título, fazendo gols importantes – quase todos – de todas as maneiras. Não se importando como faz os gols, mas tem noção de sua importância no time, onde é liderança técnica. Possui grande repertório de jogadas que levam às redes do adversário, tem participação na defesa e grande carisma. Esse tetra tem nome: Fred.

BERNARD foi, depois de Ronaldinho Gaúcho  o mais importante jogador do Atlético nessa temporada. Uma jóia que precisa – como qualquer outra – ser lapidada. Mas já tem sua assinatura neste brasileiro, onde foi um dos destaques. Jogador de canto, como os antigos pontas, foi fundamental na montagem do time pelo técnico Cuca, responsável por escalá-lo na posição certa. Tem um grande repertório de dribles e chutas, que o diferenciam da maioria dos atacantes brasileiros.

TÉCNICO: Abel da Silva Braga, até por coerência. O técnico campeão dificilmente deixará de ser o melhor da competição. Abel supera essa tese e se estabelece, definitivamente, como um treinador de ponta do futebol brasileiro. Chegou, já conhecia a casa, uniu e motivou o grupo e correu atrás do título que lhe faltava. E conseguiu com sobras e sobriedade. Fala manso e consegue um autocontrole inimaginável para o cargo que ocupa. Mas chegou ao top por merecimento. Teve o grupo nas mãos, fez um time e deu-lhe padrão. Nunca deixou de acreditar em seus jogadores, que confiaram nele. Aí ficou mais fácil.

CRAQUE DO CAMPEONATO: Não poderia ser outro, mesmo com o Fluminense campeão, alguns destaques, mas é difícil superar Neymar, o maior jogador do futebol brasileiro e sul-americano da atualidade. Joga e se diverte, nada mais edificante.Disputa com Messi e Cristiano Ronaldo o título de melhor do mundo. É o mais novo dos três, mas disputa essa marca há dois anos. Uma raridade. Vai entrar para a história do Santos como o segundo maior jogador de todos os tempos. Isso porque o primeiro, que usava a camisa número 10, jamais será igualado, sequer.

REVELAÇÃO: Volto a falar de Bernard, que disputou com Jean, do Fluminense, Jadson e Dória, do Botafogo, o destaque como maior revelação do campeonato brasileiro. Entre essas promessas, Bernard foi acima da média. Grande campeonato, completando as arrancadas de Ronaldinho Gaucho, puxando contra-ataques como um veterano, enfrentando zagueiros duros com habilidade e talento. Outro que deverá estar na copa de 2014.

MELHOR ÁRBITRO: Em meio a tanta confusão com a mudança de padronização das arbitragens, os fones e microfones causaram grandes transtornos aos profissionais do apito. Poucos se livraram das lambanças que encheram as páginas esportivas. Uma das exceções foi Wilson Luiz Seneme (28-08-70) da Federação Paulista e Fifa, desde 2006, pré-selecionado para a copa de 2014. Tecnicamente muito bom, se destaca pela sobriedade e equilíbrio. Fala o essencial com os jogadores e, por isso, não permite que haja reclamação em massa, como é comum por aqui. A discrição é sua maior marca.

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