O PAÍS DO FUTEBOL

Estádio Santiago Bernabéu tem média de 70 mil torcedores por jogo.

Não dá mais para esconder do torcedor.  O país do futebol está na Europa e chama-se Espanha. Lá estão o maior clube e o melhor time do planeta. Nos dois maiores torneios de clubes, promovidos pela UEFA, Real Madrid e Barcelona estão nas semifinais e podem fazer a decisão da Liga dos Campeões, enquanto Valencia, Atlético de Madrid e Athletic de Bilbao, acompanhados  do português Sporting disputam vaga para decidir o título da Liga da Europa. Ou seja, as duas finais podem ser entre times espanhóis. Na pior das hipóteses os campeões serão da península ibérica.

Mais que uma constatação, os números estão aí para reforçar esse conceito. É impressionante a quantidade de camisas do Barcelona, Real Madrid, Manchester, Chelsea usadas por jovens torcedores nas ruas, reuniões e shoppings. Um fenômeno raro até o fim do século passado. O interesse das televisões  despertado pelos números das pesquisas, tem obrigado algumas empresas a entrar na briga, transmitindo jogos até então relegados ao plano inferior, mesmo sendo em dias e horários antes inimagináveis.

Não há mais como subestimar a hegemonia do futebol espanhol, campeão da Europa e do mundo, de seleções e campeão da Europa e do mundo, de clubes. Em 2012 a Espanha vai tentar o bicampeonato da Eurocopa com uma nova seleção. O técnico Vicente Del Bosque deixou de chamar dez campeões em 2008 e convocou onze  jogadores da nova safra que vem disputando e ganhando os torneios “Sub” organizados pela Fifa.

A temporada 2011-2012 apresenta o campeonato mais emocionante dos últimos anos, com sucessivas quebras de recordes, faltando sete rodadas para seu término. O Barcelona descontou seis pontos e poderá decidir o título no clássico contra o Real Madrid faltando quatro jogos. Cristiano Ronaldo e Messi disputam rodada a rodada a liderança dos artilheiros, e com certeza vão bater o recorde de 40 gols estabelecido na temporada passada pelo atacante português.

Para quem desconhece ou prefere ignorar os fatos, foi pelo ralo o velho e surrado chavão de que o campeonato espanhol só tem Barcelona e Real Madrid. Até poderia ser, tratando-se dos dois melhores times do mundo hoje. Nenhum desmerecimento para Sevilha, Valencia, Athletic de Bilbao, Atlético de Madrid e até o bravo Levante, que busca vaga na Liga Europa pela primeira vez. Quem pensa dessa forma precisa se reciclar. Mesmo assim não acredito que o “campeão moral”, que deverá ser o Valencia, fique abaixo do segundo colocado no campeonato brasileiro.

Para os que acreditam e curtem futebol como lazer, o técnico Vicente Del Bosque, que tem o grupo escolhido para a Eurocopa – aguarda apenas a recuperação de David Villa – não fará mais que duas alterações para a copa do mundo de 2014, por essas bandas. Podem ter certeza de uma coisa: a seleção que virá ao Brasil tentar o bicampeonato vai desembarcar como favorita e com um time muito mais forte que o apresentado na África do Sul. Guardadas as devidas proporções, será um trabalho parecido com o que foi feito por Aimoré Moreira, em 1962, aproveitando a base de 58. Por sinal também estava em jogo um bicampeonato.

A média de público em partidas do Real Madrid e Barcelona, em seus estádios, passa de 70.000 pagantes por jogo. Além disso há o retorno da televisão, que paga por jogos abertos e por assinatura, onde os dois gigantes espanhóis faturam fortunas. Seme-se ao que arrecadam nas bilheterias e carnês, pay-per-view e publicidade nos estadios a venda de camisas, bandeiras, cachecóis, chaveiros e todo tipo de souvenirs, visitas acompanhadas, museus e outros tipos de faturamento. No país do futebol se pratica o profissionalismo em sua essencia, enquanto  aqui as coisas estacionaram há pelo menos trinta anos.

Vasco e Flamengo disputaram domingo (08-04-12) o “clássico dos milhões”, no estádio “Engenhão, alugado pela prefeitura do Rio ao Botafogo. Menos de 10 mil torcedores foram ao jogo. Deve ter sido porque era domingo de Páscoa e o pessoal preferiu ficar em casa, comendo ovos de chocolate. Vale lembrar que além do Vasco, que tem seu estádio, Flamengo, Fluminense e Botafogo pararam no tempo e vivem a se programar para pagar dívidas que se acumulam a cada ano. Que bom seria pôr 80 mil torcedores num estádio para recepcionar Cristiano Ronaldo, comprado por 80 milhões de euros. Mas aí é sonhar demais.

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